O Engenhoso Fidalgo D. Quixote De La Mancha

O Engenhoso Fidalgo D. Quixote De La Mancha



Eu me recuso a falar sobre o livro em si, tudo que h?? de ser dito sobre ele j?? foi dito por pessoas muito mais estudadas. Portanto, decidi focar em algo mais espec??fico: Esta “Edi????o comemorativa dos 400 anos” que eu comprei no impulso, em um lugar que eu n??o conhecia, por uma editora que eu n??o havia ouvido falar e de uma impress??o da qual nunca havia visto.

Existem pouqu??ssimas informa????es sobre esta re-edi????o do livro pela Editora Itatiaia. Eu cheguei a ler em algum lugar que essas edi????es da Itatiaia da s??rie “Cl??ssicos de Sempre” tinham como objetivo relan??ar os livros com o m??ximo de fidelidade em compara????o a suas edi????es originais, chegando at?? mesmo a copiar com extrema fidelidade a formata????o de suas folhas. No entanto, n??o fa??o ideia de onde li essa informa????o. Procurei dentro do livro, fora do livro, na internet e n??o encontrei nada... Pelo visto as vozes na minha cabe??a est??o ganhando.



Enfim, esta tradu????o ?? produto do segundo esfor??o herculeano de Eug??nio Amado em traduzir Dom Quixote. Tudo come??a em 1983, quando o mesmo foi abordado por Pedro Paulo [Moreira] para uma primeira tradu????o. Motivado pelo fato de que n??o s?? era um tradutor premiado duas vezes com Jabuti de tradu????o mas tamb??m era filho de um dos dois que traduziram Dom Quixote para o portugu??s brasileiro pela primeira vez (Milton Amado), Pedro Paulo insistiu em uma tradu????o nova de Dom Quixote para sua editora e que a voz que deveria traz??-la deveria ser a de Eug??nio.

Lan??ada em 1952, a primeira tradu????o de Dom Quixote para o portugu??s brasileiro foi editada pela Jos?? Olympio e encomendada a Almir de Andrade e Milton Amado. Ic??nica e de grande import??ncia para o editorial brasileiro, ?? vista at?? hoje como uma grande intoc??vel. Eug??nio, em uma entrevista para a revista Caracol da USP, disse que Pedro provavelmente imaginou que ele iria atualizar a tradu????o de seu pai. Quando finalizada, a tradu????o de Eug??nio, com 130 notas de rodap??, foi um sucesso de vendas chegando a ser reimpressa quatro vezes entre 1983 e 1997. A edi????o contava com dois volumes, recheada de ilustra????es do xil??grafo Gustave Dor??.



Em 2005, Eug??nio foi encomendado mais uma vez por Pedro Paulo para uma re-edi????o do livro em volume ??nico. E, pela segunda vez, Eug??nio traduziu Dom Quixote. De acordo com ele, “A grande diferen??a encontra-se nas refer??ncias bibliogr??ficas bem melhores gra??as ?? internet” [...] e que “para esta edi????o, [ele respeitou] mais as palavras” [...] “[Acatou] mais o texto original, [prendeu-se] mais a ele.”

Contudo, Pedro Paulo tinha a reputa????o de n??o promover os livros de sua editora. De acordo com Eug??nio, ele n??o enviou exemplares da re-edi????o para cr??ticos liter??rios e tamb??m n??o participava de feiras liter??rias. Em uma entrevista para o artigo “Os tradutores do Quixote publicados no Brasil” de Silvia Cobelo, Eug??nio afirma que pesquisou sobre men????es da re-edi????o de 2005 na internet e n??o encontrou sequer uma (jun/2009). Pode-se dizer que essa “estrat??gia incomum” de Pedro Paulo tamb??m foi um dos motivos pelo qual anos ap??s o seu falecimento (em 2008), a editora n??o resistiu as armadilhas do ar (aonde qualquer solto som pode dar tudo errado!) e foi vendida para a Livraria Leitura.

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