Clear, sober, to the point. Divided in a set of principles that you will remember when you play - even if you only remember them after playing the wrong move.
Martin Amis é um cabrão. Goza com pessoas de bem. Goza com as personagens. Goza com a linguagem. Goza com quem lhe editou o livro. Goza com os leitores. Só não goza com ele próprio. Por isso é um cabrão.
O primeiro Amis que li foi o Yellow Dog. Gostei sem reservas. Corrijo. Adorei sem reservas. Tão, tão bom, o filho da puta do livro. London Fields podia ser quase tão bom, mas o que lhe acontece nesse quase é o suficiente para, a dada altura, dizer-lhe “não estou com paciência para te aturar”. Amis sabe que domina completamente a prosa que escreve. Atira-nos isso à cara página sim, página sim. Também sabe que domina a arte de criar personagens que não se esquecem. Atira-nos isso à cara... bem, deu para perceber. O que Amis não domina neste London Fields (mas que domina no Yellow Dog) é a capacidade de se refrear e fazer o livro andar para a frente. A dada altura torna-se masturbatório.
À superfície, London Fields é apenas a história de um homicídio, uma que diz logo ao início quem mata quem e porquê. Só não diz como. Isto à superfície. Lá no fundo é outra coisa. É um livro sobre pessoas que não têm lugar no mundo. Com menos piruetas, London Fields era um livro quase perfeito sobre pessoas que não têm lugar no mundo. Assim é só um livro irritante que deixa aquele amargo de boca de coisa que tinha tudo para nos deixar com um sorriso estúpido na cara, mas não deixa.
Histórias muito boas. Histórias muito más. Gaiman tem muitas qualidades, mas a consistência não será uma delas.