Ciro Gomes declara neste livro sua visão sobre história recente do Brasil, porque e como chegamos onde estamos hoje. E ele faz isso com grande habilidade, a não leitura não é cansativa e conceitos mais técnicos vêm acompanhados de comparações para o público leigo em economia - como eu. Apesar disso, ao final, parece um folheto publicitário do PDT e do presidenciável Cirão da Massa. Por diversas vezes, Gomes engrandece PDT como um partido progressista e desenvolvimentista, contudo fatos recentes colocam isso em dúvida isso, por exemplo:
- Analisando o alinhamento nas votações na Câmara nos partidos de esquerda (e centro-esquerda), PDT encontra-se entre os que mais vota junto com o governo; PSB 43%, PDT 42%, REDE 31%, PCdoB 28%, PT 22% e PSOL 17%. Nas votações no Senado: PDT 73%, PT 67% e REDE 64%.* Obviamente, isso é apenas um apanhado geral, votações importantes, como Auxílio Emergencial constam como voto “governista”. Porém, somando-se, o último acontecimento do Ciro Gomes retirar do candidatura** pela incapacidade de organizar seu próprio partido, coloca-se em dúvida o em que lugar ideologicamente o partido se encontra.
- PDT participou como coligação nas duas eleições da Dilma, apesar das críticas econômicas espalhadas durante todo o livro.
- O Ciro Gomes do livro, é totalmente diferente do pré-candidato de hoje. Hoje ele aposta na corrente “Nem-nem” (Nem Bolsonaro, Nem Lula). No livro, ele se apresenta como forte oposição ao Bolsonaro e com críticas pontuais ao Lula. E argumenta que PT nunca teve um projeto nacional para o país (então, porque seu partido apoiou duas candidaturas da Dilma?). Nos vídeos que tenta alavancar sua baixa intenção de votos (entre 6-8%), aposta no antipetismo para conseguir alguns votos de bolsonaristas arrependidos, esquerdistas desanimados e uns perdidos. Claramente, pessoas de direita votariam nele apenas em um segundo turno improvável com Ciro presente.
- Outra coisa que coloca em cheque sua tremenda oposição ao Bolsonaro hoje - como também diversos outros candidatos da chamada “terceira via” - é fato de ter viajado para Paris no segundo turno das eleições de 2018. Quando poderia ser manifestar contra Bolsonaro, e demonstrar que apesar de o PT não ser o melhor para o país, ainda seria melhor que um candidato sem qualquer projeto de governo que utilizava o mesmo título de campanha que Collor usara: contra a corrupção.
- Ao final, quando tenta se aproximar a todo custo do candidato cristão. Claramente, não é de uma maneira fluída, mas abrupta. E do nada engrandecer uma chamada “agenda de valores” - sem sequer explicar quais valores são estes - e coloca que esquerda se posiciona contra os cristão (uma tremenda de uma baboseira, visto que a religião é uma pauta apenas para reacionários, preocupados com a “cristofobia”). Qualquer pessoa bem informada sabe que as religiões que passam por perseguição religiosa e enfrentam grande preconceito da sociedade são as de matriz africana - por causa disso, partidos progressistas defendem estas religiões, ao contrário de apoiar a grande religião do status quo (leia-se, cristianismos, isso mesmo, no plural). Trata-se de mais uma tentativa de pegar os votos evangélicos do Bolsonaro.
Enfim, Ciro possui um história incrível como político. Admirável. Contudo, sua ambição para se tornar presidente está ofuscando uma vitória. Provavelmente, enquanto o Lula for candidato, Ciro não possui a menor chance. A única forma de Ciro possuir chance de ganhar é... Desconheço. E, pelo visto, sua equipe de campanha também.
*Acesso em 20/09/2021: https://radar.congressoemfoco.com.br/governismo/camara
**Acesso em 20/09/2021: https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/11/04/ciro-suspende-pre-candidatura-a-presidencia-apos-votos-do-pdt-a-favor-da-pec-dos-precatorios.ghtml
“Nothing in Biology makes sense except in the light of Evolution” - Theodosius Dobzhansky
Excelente.
Este livro, por meio da análise genética dos microrganismos, reforça-se o que já sabemos sobre a nossa História. É incrível ir percebendo que conforme nossos antepassados mudavam suas vidas e desbravavam novos continentes, as doenças foram sendo selecionadas para chegarem até os dias atuais. Aqui se falar de herpes, tuberculose, HIV, sífilis, hepatite e etc. Super importante numa época que alguns desinformados insistem que Sars-Cov-2 foi criado. A natureza é uma criadora muito mais eficaz e sutil do que seres humanos. Esse livro só reforça que a Evolução, de fato, é o relojoeiro cego com maior beleza intrínseca jamais vista.
Obs: Recomendo ler algum outro livro sobre História da humanidade para se ter noção de algumas hipóteses e conhecer também como historiadores evidenciam os fatos - Sapiens, do Yuval Noah, é bom começo.
“Eu não tenho um corpo. Eu sou um corpo” - Christopher Hitchens.
Um profundo relato sobre o final da vida de Christopher Hitchens.
Recomendado para quem já leu algum outro livro do autor ou para quem quer conhecer o que o câncer pode causar e como uma pessoa se sente perante essa doença devastadora.
Simples, essencial e excelente.
Cosenza possui um livro acadêmico sobre neuranatomia que foge dos padrões convencionais. Realmente, escreve com a inteção de ensinar o leitor. Não joga inúmeras informações que por vezes parecem desconexas.
O mesmo correr neste livro. Com uma linguagem bem acessível ao público leigo, Cosenza faz uma apanhado do que há mais novo na neurociência. Acredito que a obra poderia ser maior. Por exemplo, mais exemplos de experimentos neuropsicológicos e uma discussão sobre ética mais aprofunda, como “se não somos livres, como nossas leis podem mudar para serem mais justas com a realidade e mesmo assim mantendo a ordem pública?”. Contudo, isso é somente um adicional.
Estou extremamente orgulho por ter sido um brasileiro que o escreveu.
É um livro com bastante conteúdo, escrito de uma forma envolvente. Contudo, Laurentino poderia ser mais organizado com um raciocínio mais linear.
Outro problema é a mistura entre fatos e suposições, isso poderia estar mais delimitado, e conseguiria, portanto, deixar o leitor curioso sobre determinados assuntos. Além disso, das diversas histórias narradas, algumas apesar de interessantes, não compõe um todo. Não parece em nenhum momento que o autor está formando uma história concisa pra chegar até o final. Comparando-se com o livro anterior, isso caiu bastante na qualidade. Quem sabe, deve-se ler este livro como se fosse os capítulos intermediários de um único livro.
No mais, Laurentino segue no mesmo estilo. Narra uma história principal recheadas de curiosidades irônicas (algumas terríveis, mostrando que escravos nunca foram tratados com flores) para contar numa mesa de bar, mas poucos fatos que contribuem de forma significativa para um debate mais rico.
Espero que terceiro seja mais objetivo e foque na “contribuição” da escravidão na formação do Brasil - sim, já há muitas informações sobre como cultura negra brasileira permeia nosso país, contudo, as relações políticas de poder ainda estão fora de cena.
OBS: Eu não queria avaliar 3/5, visto que trata de uma história quase que esquecida/quase não falada nos colégios.
Bakunin era um homem além de seu tempo. As diversas reflexões para um tempo onde a religião era quase inquestionável o tornam um grande filósofo. E apesar do “livro” estar incompleto, trás pensamentos que já consolidados pela neurociência e ciências sociais, entre outros pensamentos que foram extensivamente complementados e desenvolvidos por outros filósofos. Ainda há alguns hoje que ignoram uma realidade já notada no século XIX por Bakunin.
Além disso, é super satisfatório ler frases como:
“Todas as vezes que um chefe do Estado fala de Deus, quer seja o imperador da Alemanha ou o presidente de uma república qualquer, estai certo de que ele se prepara para tosquiar de novo seu povo-rebanho”.
“Todos os sistemas de metafísica nada mais são do que a psicologia humana se desenvolvendo na história”.
Somado a isso, há uma análise profunda sobre o idealismo, o cristianismo e o indefinido “Deus”.
Um livro excelente para qualquer cético - de verdade.
Texto bem escrito. Aborda racismo nas suas particularidades. Contudo, a abordagem pseudocientífica da psicanálise me impede de avaliar diferentemente esse livro.
Precisamos de abordagens científicas para avaliar o racismo estrutural da nossa sociedade.
Infelizmente, por causa dessa ausência, o livro serve como uma grande anedota. Não deve ser menosprezado por isso, mas perde a credibilidade científica-acadêmica fora da bolha-fálica-machista de freudianos.
Aborda a filosofia de maneira bem crítica e detalhada. Um excelente livro introdutório e convidativo a essa tão necessária disciplina, mas, infelizmente, desprezada por muitos...
O que falar sobre Reinaldo Azevedo?
No mesmo tempo que possuímos falas como “Estou convicto de que a importância de uma civilização é inversamente proporcional à variedade de seus instrumentos de percussão”, temos também “A democracia não se esgota na vitória da maioria. Ela supõe a observância das regras do jogo e o respeito às minorias [...]”. Bem humanista, nada reacionário. Mas espere eu tirei a cereja do bolo: [Os novos tiranetes da América Latina ainda não entenderam esse princípio. No Brasil, o PT faz de tudo para fraudá-lo]. Acho que isso resume muito sobre o jornalista.
Li um ou outro artigo no Revista Veja. Mas sempre achei ofensivo demais. Na época, não conseguia digerir o antipetismo. Não gostava do governo também. Lembro dos salgados do intervalo (antes do ensino médio era chamado de recreio) aumentarem muito de preço ao longo do ano. Entretanto, não me lembro de meus pais ou familiares reclamarem do Lula. Muito deles inclusive votaram no operário do ABC. Então, o que justifica as falas pouco politicamente corretas de Reinaldo Azevedo com o atual defensor inabalável da democracia?
Inevitavelmente, o Tio Rei sempre foi um democrata. Sempre. Tinha asco a qualquer deturpação de liberdades, principalmente, as “liberdades liberais” - também chamadas de inalienáveis. Inclusive uma outra frase do livro: Pinochet já vai tarde. Posso viver sem um ditador para chamar de “meu”. E a esquerda? Pode?. Aqui está o ponto chave, pouco importa a ditadura, o Reinaldo sempre será um conservador. E um conservador da democracia liberal, que é exatamente o que anticapitalistas (os que não gostam do capitalismo pelas mazelas, mas usufruem de suas benesses) e comunistas (os que queriam um mundo pautado na plena igualdade custe o que custar) odeiam. 4° frase e última: Aposto que boa parte dos nossos universitários, a pretensa elite intelectual brasileira, acredita que as vacinas nascem do desejo de servir, não da pesquisa financiada pela salvadora cupidez da indústria farmacêutica. Este é Reinaldo Azevedo.
Alguém que acredita fielmente que povo não existe, o que existem são pessoas. Individuais. Sem definições puramente categóricas. E não nega essas divisões. Apenas acha supérfluo e um engodo definir sociedades que são tão diversas por lutas de poder. Dessa forma por vezes, no seu entendimento sobre a esquerda, Pelé só seria completo se tivesse uma vida voltada contra o combate ao racismo. Glória Maria também. Abdias Nascimento e Silvio Almeida são santos para esquerdas, por terem feitos da sua vida uma luta pela cor. Pra mim e pro direitista, os quatros são fenomenais. Pelas vidas individuais que os quatros levaram e, no caso do último, ainda leva - agora como ministro do governo Lula (Parte III).
Tudo isso pode nos ensinar muito sobre política. Não nego excessos de Reinaldo. O conservadorismo precisa saber quando ser conservador. Por vezes, numa sociedade tão desigual como a nossa, “conservar” é excluir. Ele inclusive mudou a opinião sobre isso, por exemplo, em relação a Lei de Cotas. E também tentar se afastar do reacionarismo. Também, como progressistas, não podemos esquecer o oposto: não podemos ser progressistas ao ponto queremos mudanças maiores do que nossa sociedade seria capaz de assimilar. Isso não significa que devemos parar de lutar pela liberdade reprodutiva das mulheres. Jamais. Apenas devemos tentar compreender como podemos tornar isso uma compreensão da maioria na nossa sociedade. A Europa com seus partidos conservadores conseguiram avançar em pautas humanistas mais rapidamente em décadas passadas - numa época que diversos assuntos eram tabus - do que a esquerda latina em décadas mais recentes.
Revoluções são bonitas apenas no mundo das ideias, onde se acredita que elas ocorrem sem sangue ou que sangue de inocentes é justificável. No mundo real, revoluções são ficções. Conseguimos mudar a realidade em passos pequenos. Construímos (estamos, na realidade) o SUS aos poucos. Estamos no processo de melhorar nossas escolas. Quem sabe um dia, teremos um Brasil sem narcotráfico. Sem milícias. Que a população vote por orientação ideológica. Um Brasil que veremos um esquerdista defender a iniciativa privada como capital inovador. Um país que um direitista defenda o acesso universal, gratuito e de qualidade da educação e da saúde. Estamos longe. Mas já estivemos muito mais.
Recomendo para todo estudante de medicina e para qualquer médico que deseja ser mais humanista com seus pacientes.
“Duna” é um clássico definitivo que influenciou inúmeras obras de ficção científica e fantasia. Se você gostou de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, “The Witcher”, ou é fã de “Star Wars” ou “Star Trek”, este livro proporcionará uma excelente jornada.
O início da leitura pode ser complicado, especialmente até a metade da Parte I. Muitos personagens, locais e conceitos são introduzidos sem explicações claras, o que pode ser confuso. No entanto, conforme a leitura avança, as intenções de Frank Herbert começam a se revelar. De maneira magistral, ele usa as próprias narrativas dentro da história para esclarecer o universo que criou. Dessa forma, o leitor é introduzido de maneira única a um livro extremamente rico. Embora o começo possa ser cansativo, o esforço será recompensado no final.
Aos poucos, as aparências enganosas dão lugar a uma abordagem mais realista. Política e religião começam a ganhar forma e são constantemente debatidas. Temas como biologia e geografia se incorporam à história, mostrando o meticuloso cuidado de Herbert ao escrever sua obra. Comparações com a realidade são inevitáveis: questões como petróleo, fanatismo religioso e elitismo estão presentes de forma evidente.
Para tornar a leitura mais prazerosa, concentre-se nos personagens que interagem com Jessica, Paul e Leto. Tudo começa a se encaixar ao final da Parte I. Boa leitura, ou melhor, uma boa jornada!
OBS: Considerando que o livro foi escrito na década de 1960, optei por ignorar as partes que fazem referência ao vilão “afeminado”, Barão Vladimir Harkonnen, retratado de maneira pejorativa como gay e possivelmente envolvido em incesto e pedofilia. Esse estereótipo, que aparece com frequência nas cenas em que o vilão é mencionado, é um dos principais pontos fracos da obra, pois ele é retratado de forma unidimensional, sem nuances que poderiam torná-lo um personagem mais complexo.
Outro tópico que me incomodou foi a eugenia. Em nenhum momento há uma crítica substancial a esse tema, exceto pela relutância de Paul em seguir o caminho que sua mãe determinou. Esperava que o autor mostrasse os perigos dessa ideologia, mas isso não ocorre. Quem sabe esse questionamento apareça nos próximos livros.
A pior história da Marvel que já li até agora...
Inicialmente, não há qualquer introdução ao contexto, de como se instalou a Era de Ultron.
O desenvolvimento da história se mistura com o clímax quase no final da história. E as reais consequências nem sequer chegam a ser revelados.
O único aspecto bom que pode ser citado é o estilo de desenho. Contudo, isso não compensa pela história e personagens porcamente escritos.
I was first introduced to the concept of the absence of free will by Daniel Kahneman's book “Thinking, Fast and Slow”. I was astonished by how much bigger the so-called optical illusions were than I had previously thought, and how they could affect things like the correlation between the right and left brain through the corpus callosum, the willingness to walk slowly after reading about an elderly person, or the tendency to be more selfish after reading the word “money”. All of these things made me realize that thinking is not a magical thing, but a totally physical thing that is influenced by preceding events. So, when I was introduced to Bayes' Theorem, I fully grasped the logic of natural things. Furthermore, I read other books that talked about free will, including “Homo Deus” by Harari, “The Errors of Descartes” by Antonio Damasio, and “Por que não somos racionais?” (Why are we not rational?) by Ramon Consenza (only available in Portuguese).
Free will is more objective and philosophical than the others, but less applicable. Harris could focus more on knowable neurological conditions (such as Phineas Gage) to show people that often we don't have control over our actions. Additionally, we could focus on the maxim of Christopher Hitchens, “I don't have a body, I am a body,” to show readers that we cannot be separated as entities from our physical bodies. However, it is still a good book, and I recommend it to those who are new to the topic. If you're not convinced, try reading the other books I mentioned. I know you can't control what you want, can you?
Eu conheci o Chandler bem antes de “conhecer” o Mathew. E, até hoje não sei porque, não gostei à primeira vista. Todo o conceito de Friend não me chamava a atenção. Achava o Ross um machista tolo demais; Joey, demasiadamente burro; Monica, perfeccionista demais; Phoebe, perdidamente exotérica; Rachel, tão rasa quanto uma poça; e o Chandler... Era tão estranho. Vi a primeira temporada me esforçando há uns 4-5 anos atrás pela primeira vez. Detestei. Muito fofo. E irritante na maioria das vezes.
E, no ano passado, depois de anos na disputa de HIMYM > Friends, uma amiga me convenceu a assistir novamente... Não teria paciência pra reiniciar, então, parti da segunda temporada. E eu deveria ter começado desde a primeira. Alguma coisa mudou no jeito que eu assisti. Ria facilmente, achava os personagens tão distintos entre si e justamente o mais peculiar deles foi com que eu mais me identifiquei.
Ano passado, enquanto o Matthew Perry ainda estava vivo, a mesma amiga comentou sobre “aquela coisa terrível”. Criei certa afeição maior por causa disso e depois de ler o livro isso só aumentou.
Há tanto de Chandler no Matthew que é quase impossível distingui-los. A principal diferença se encontra que Chandler conquistou as coisas que Matthew sempre quis. E isso é mencionado diversas vezes durante o livro, com sarcasmos e piadas a soltas para tentarem aliviar o clima. Chorei em alguns trechos, mas, felizmente, ri muito mais. A sessão de fotos com os comentários dele é incrível. As diversas referências a cultura pop deixam qualquer nerd se identificar fácil.
É impossível depois de terminar a leitura e assistir a Friends sem notar no peso ou na presença do cavanhaque, tentando adivinhar o que estava se passando com o Matthew durante as gravações.
Sem mais enrolações, é um excelente livro. Recomendaria até mesmo para quem não é fã de Friends. Principalmente, por abordar como a dependência química é uma questão de saúde pública e não uma mera escolha individual. Para finalizar de um jeito que só Matthew/Chandler faria:
“Um dia talvez você também receba o chamado para fazer algo importante, então se prepare.
E, quando isso acontecer, pense: O que o Batman faria? E faça.”
Para resumir concisamente, este livro tenta fazer uma crítica moral da comercialização presente na nossa sociedade hodierna. Michael Sandel cita, então, diversas anedotas: multa para os pais que atrasam para buscar os filhos, benefícios para aceitar lixo radioativo, bônus para evitar filas em consultórios médicos, concessões para caçar animais em risco de extinção, concessões para jogar mais gás carbônico na atmosfera e seguros em pessoas com expectativa de vida baixa. Infelizmente, o livro se detém apenas a isso exaustivamente. A leitura é carregada de números - que mesmo para mim, um amante de estatística, que fiquei por diversas vezes contando “quantas páginas faltam pra terminar isso?”.
É somente depois de concluída mais 50% da leitura, que a argumentação começa a criar forma para demonstrar que alguns itens perdem o valor quando são colocados à venda ou quando o mercado invade espaços que não deveria estar ocupando segundo o autor. O último capítulo do livro, em que deveria ser uma conclusão do raciocínio, é mais um novo amontoado de anedotas sobre comercialização de itens que o autor acha imoral e isso continua até a penúltima página do livro. Não há qualquer aprofundamento nas reais consequências sociais e econômicas do “laissez-faire”. Terminei a leitura e estou aliviado que não serei mais torturado pelo tédio a cada sessão de leitura.
Siddhartha Mukherjee has an unparalleled way of describing patients humanely. Far from classifying them as mere carriers of diseases, but as people. Something that Osler tirelessly tried to explain to his students: Listen to your patient, he is telling you his diagnosis.
In this book, he goes deeper into showing that despite all the technology - from blood tests, tomography scans, to the recent arrival of AI - medicine remains “a science of uncertainty and an art of probability” as (again) Osler mused. Based on if in three personal laws:
- A strong intuition is much more powerful than a weak test: reinforcing that a good history taking and examination is the most valuable than a random test.
- “Normals” teach us rules; “outliers” teach us laws: demonstrates that every patient is unique
- For every perfect medical experiment, there is a perfect human bias: that trials are not perfect, as they are done by humans. Likewise, we always have to hunt for our own biases.
Beautiful as a literary work. I recommend reading it for anyone who wants to know how true medicine is practiced.
Lendo em 2023, a verdade ainda não venceu.
Infelizmente, precisamos mostrar as evidências de como a extrema-direita conseguiu destruir nosso país nos últimos 6 anos, desde a tramóia (para não usar a palavra mais utilizada) entre deputados, imprensa e a elite de rapina que inviabilizaram o ambiente político e, consequentemente, acarretaram nesse cenário econômico trágico que permitiu q ascensão de fascitoides.
Isso tudo culminou no trágico desgoverno do “futuro presidiário” e na consolidação de uma extrema-direita no nosso tão quisto país.
Espero muito q a gente consiga, como nação, vencer esse ódio. Ódio a nossa cultura, ao negro, ao gay, principalmente, o ódio ao pobre.
Amanhã será um lindo dia!
Meu primeiro contato com a seleção natural foi através do livro “A Caixa Preta de Darwin”, escrito pelo criacionista Michael Behe. Infelizmente, no livro, Behe omite, distorce e ignora todas as evidências da Teoria da Evolução para propagar sua agenda religiosa, confabulando sobre “complexidade irredutível”. Na época, em busca de provas que confirmassem meus vieses, fiquei convencido.
Contudo, graças a Deus, resolvi ler “Deus, um Delírio”, de Richard Dawkins, alguns meses após a leitura do livro de Behe. Descobri que Behe foi cirurgicamente seletivo em seu livro e que, na época de sua publicação, já havia uma vasta quantidade de evidências que demonstravam os sucessivos processos de evolução da cascata de coagulação, do olho humano e dos flagelos. Além disso, em 1996, durante um julgamento, Behe foi confrontado com evidências que refutavam suas ideias, ao que ele alegou não ter lido nenhum dos 58 artigos que o contradiziam. Em 2005, ele foi convocado para defender a implementação do ensino criacionista em uma escola, mas a proposta foi recusada pelo juiz, uma vez que foi demonstrado que não havia nenhuma evidência para a tal “complexidade irredutível”.
Isso tudo demonstra o impacto da publicação de “A Origem das Espécies” desde sua primeira edição em 1859. Antes mesmo de sua publicação, as ideias evolucionistas já eram comuns no meio acadêmico; contudo, com o livro, Charles Darwin pôde demonstrar, por meio de inúmeras evidências, que os seres vivos eram mutáveis. Muito distante da ideia que os religiosos defendiam na época — o fixismo, que postulava que cada ser continuava exatamente como Deus o havia criado no Éden —, a seleção natural apregoava que todos os seres estavam em constante modificação, transmitindo heranças (Darwin não fazia ideia na época do que era um gene) e que, se voltássemos no tempo, olhando fósseis, poderíamos estimar como os ancestrais comuns formaram essa belíssima árvore da vida.
O prazer de ler o livro e ver Darwin descrevendo e formulando hipóteses que depois seriam confirmadas é inenarrável. Abordando desde variações entre espécies, domesticação, relações ecológicas, heritabilidade, distribuição geográfica das espécies, morfologia, embriologia e geologia — não apenas de fósseis, mas também sobre os estratos geológicos. Somado a tudo isso, Darwin escreveu um capítulo próprio para demonstrar as falhas e como sua teoria poderia ser refutada (tenho certeza de que Karl Popper pulou esse capítulo quando teceu críticas sobre a evolução), evidenciando o lado mais belo da ciência: a capacidade de estar errada. De não ser uma verdade incontestável, mas, assim como os próprios seres vivos, evoluir.
Desde o século XIX, a teoria da seleção natural ganhou cada vez mais forma, principalmente após a junção com os conhecimentos da genética e a formação da atual Teoria Sintética da Evolução. E ainda, apesar de todos os avanços, a árvore filogenética que nos une continua incompleta. Isso é o principal fator que torna essa ideia tão bela: ela não foi revelada na sua totalidade para nós, não é imutável, mas ainda está sendo descoberta, e provavelmente nunca será completamente desvendada. Por causa disso, basta nos maravilharmos a cada passo na busca por mais conhecimento...
Com as últimas palavras, a pessoa com quem tenho a honra de compartilhar o mesmo nome:
“There is grandeur in this view of life, with its several powers, having been originally breathed into a few forms or into one; and that, whilst this planet has gone cycling on according to the fixed law of gravity, from so simple a beginning endless forms most beautiful and most wonderful have been, and are being, evolved.”
PS: Darwin, por diversas vezes, queixa-se do registro fóssil ser esparso: “Para nos fazer compreender melhor a improbabilidade que há em podermos ligar entre si as espécies por formas fósseis intermediárias, numerosas e graduadas, não há como procurarmos, por exemplo, como conseguirá um geólogo, em qualquer época futura...” e “Poderia encontrar-se a prova da sua existência passada apenas nos restos fósseis que, como tentaremos demonstrá-lo no capítulo subsequente, apenas se conservam de uma maneira extremamente imperfeita e intermitente...”. Infelizmente, ele não viveu o suficiente para conhecer a maravilhosa área que a paleontologia se tornou. Ele ficaria extremamente feliz de perceber que todo o registro fóssil confirmou e continua confirmando sua teoria.
A compilation of texts written by Einstein. I recommend reading it for anyone who has the audiobook and can carry out other activities while listening to the book. Otherwise, I believe that a biography of Albert Einstein would be more useful to read.
Uma boa introdução a psicofarmacologia de maneira leve e abrangente. Indicado a leigos e também a quem pertence à área de saúde, mas não possui muito conhecimento sobre psicofármacos.
Infelizmente, os motivos que me fizeram amar os dois primeiros livros estão ausentes neste. Os dilemas éticos desapareceram, e não há personagens cinzas—apenas um diálogo raso que questiona a visão monocromática de um personagem. Geralt se tornou um cavaleiro comum; esqueça as habilidades dos Witchers—não me lembro de uma única vez em que Geralt as tenha usado. Os monstros são apenas mencionados, a política é mal abordada e resumida a um único capítulo, parece que o autor esqueceu da existência da magia, e o desenvolvimento dos personagens é fraco, tornando-os extremamente entediantes.
Acredito que isso reflita a dificuldade do autor em escrever romances; ele parece ser mais competente em escrever contos. Teria sido muito mais gratificante se ele tivesse focado apenas nisso, talvez intercalando outros contos com uma história principal, com alguns capítulos mais longos... Enfim, essa sugestão já não importa muito.
Apesar de tudo, o final é interessante. Ainda quero saber como a história termina, mas acho que vou deixar isso para daqui a alguns meses.
Não recomendo a leitura deste livro. Pare nos contos, continue com uma boa experiência e seja feliz.
OBS: Andrzej Sapkowski, ou o tradutor, continua de parabéns pela qualidade da escrita. Sinto muito que esse universo tenha sido tão mal aproveitado nesta saga.
This is by far the most comprehensive book on the history of medicine I've encountered. I was genuinely surprised to discover how inseparably oncology is woven into medical history—from the incurable breast tumor described in ancient Egypt to sarcomas found in immunosuppressed patients in the 1980s.
Siddhartha Mukherjee masterfully blends personal stories of his patients, ranging from rare but treatable Hodgkin lymphomas to the devastatingly common pancreatic cancer, making the book both touching and insightful.
It's a profound work, accessible to general readers while offering invaluable historical context for doctors—who may be familiar with treatments but not the rich history behind ‘The Emperor of All Maladies'.
PS: If I were the author, I'd have focused more on biology than history. Just a different perspective—but still, the book is a masterpiece.
Lembro-me da primeira vez que me deparei com Carl Sagan. Era um vídeo legendado no Facebook, em que um homem de meia-idade, com uma pronúncia peculiar, dizia: “We're made of star stuff” (para os curiosos, o trecho está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Xaj407ofjNE). Naquela época, ainda bastante religioso, fiquei profundamente intrigado por essa afirmação. Essa simples frase foi a catapulta que me impulsionou a mergulhar de cabeça no fascinante mundo da astronomia, fazendo com que temas como a evolução do universo, supernovas, buracos negros, Relatividade Geral e, por fim, abraçar, pra entender porque eramos feitos de poeira estelar, a Teoria da Evolução. E tudo começou com um vídeo despretensioso de uma pessoa incrível, entre as bilhões que já passaram por este pequeno ponto azul pálido.
Assim como “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, de Sagan, este livro demonstra como a ciência permeia cada aspecto de nossas vidas, mostrando como podemos torná-las melhores. Não apenas aborda questões como o aquecimento global, mas também explora ética, especialmente no capítulo sobre o aborto, abordando o assunto de maneira abrangente. Apesar de ser uma obra escrita antes do novo milênio, continua surpreendentemente relevante. Infelizmente, enfrentamos desafios na batalha contra as mudanças climáticas, mas é inspirador ver como mentes brilhantes já propuseram soluções muito antes de considerarmos. E o epílogo do livro, escrito por Ann Druyan, é um suspiro emocionante para todos que admiram o autor.
Carl Sagan vive!
A parte escrita por Boris Fausto retrata até 1989. Depois Sergio Fausto faz uma análise do período de redemocratização - li a 14° Edição.
-Parte Introdutória
Aqui, de forma brilhante, Fausto explica as causas da Expansão Marítima, demonstrando como e porque os Portugueses vieram para cá.
-Brasil Colonial
Sem ser maçante ou apegar-se a detalhes minuciosos, o historiador explica como era o Brasil antes de Brasil. Ao meu ver, a parte referente aos indígenas poderia ser mais detalhada e ter abrangido um pouco mais sobre Pré-História. Apesar de várias ressalvas durante o livro, poderia ter mais detalhes sobre a escravidão, e como ela pavimentou nosso país. Contudo, é muito bem escrita essa parte e permite que o leitor tenha uma ótima noção do período.
- Primeiro Reinado, Regência e Segundo Reinado
São bem escritos. Felizmente, autor foca no importante. Em nenhum momento, senti-me cansado lendo estas partes - ressaltando que é período, ao meu ver, mais chato da nossa história.
- Primeira República
Aqui o autor foca nos pontos principais dos governos republicanos. Não sei a (quase) ausência de dados sociais são por causa de poucos dados ou porque não intenção do historiador ao retratar estes períodos.
- Estado Getulista
Minha parte favorita do livro. Autor pontua os pontos positivos (como caráter nacionalista e desenvolvimentista) e negativos (governo fascitóide), sem passar pano para Getúlio Vargas.
- Período Democrático
Sempre achei governo Dutra esquecível, contudo, é importante compreendê-lo como uma oportunidade para o novo Governo de Vargas. Além disso, historiador detalha bastante o período JK, (breve) Jânio Quadros e governo João Goulart. Todo período (1945-1964) é fundamental para entender, porque ocorreu o Golpe de 64. Nesta parte do livro, há respostas de como os militares gostavam (gostam?) de interferir na política, porque Brasil é tão contra políticas sociais e porque não foi uma “ameaça comunista” que depôs o governo legítimo de João Goulart - ao meu ver, o melhor governo que nunca tivemos.
-Regime Militar
Sinceramente, faltou do Boris Fausto mais informações desta parte. Mais sobre as guerrilhas, mais sobre torturas, mais sobre censura etc.; não é mal escrito, só queria mais detalhes. Hoje reacionários nojentos tentam (re)escrever uma história que nunca existiu sobre esse triste período do nosso Brasil - sim, estou falando dos “matou e foi pouco”, “não houve tortura”, “só morreu terrorista” e “militares salvaram o país do comunismo”.
- Governo Sarney
Faltaram elogios ao Sarney - BRINCADEIRA. Muita economia, um pouco chata essa parte.
- Modernização pela Via Democrática
Essa parte escrita pelo Sérgio Fausto é excelente. Uma boa descrição dos governos de Collor, FHC e Lula. Com críticas bem fundamentadas e elogios também. Uma das minhas favoritas, foi muito bem escrita. A parte econômica possui várias explicações e há discussão de fatos políticos, sociais e econômicos.
Enfim, recomendo muito a leitura aos interessados. É um livro bem extenso, mas valeu a pena tê-lo lido.
Richard Dawkins is a great writer. In this book, he continues to excel at engaging the reader. However, there is no deep dive into any fact. Just several anecdotes after anecdotes. Many of the topics presented here have already been covered in other books. It seems like the book wasn't thoroughly crafted, just a bunch of information thrown into chapters to maintain coherence, trying to touch on various topics without ever truly developing them. At times during the reading, when I expected more depth on a subject, a new topic was introduced or the chapter ended abruptly. Perhaps my experience wasn't great, as other Dawkins books are excellent – like The God Delusion, The Greatest Show on Earth, and River Out of Eden. Any chapter from The Ancestor's Tale is better than this entire book as a whole. In short, I don't recommend reading it.
PS: The images are wonderful.