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Sonhei com a bicicleta bem colorida, os da minha rua brincavam com ela, o CamaradaMudo ria muito, a AvóDezanove dizia para termos cuidado para não sermos atropelados por nenhum carro e para não atropelarmos mais nenhum bicho, a bicicleta do meu sonho era bem grande e zunia muito, amarela nas rodas, o quadro e o volante eram vermelhos e os para-lamas assim pretos, só que à frente, um pouco abaixo da zona do volante, ninguém ainda tinha visto: a bicicleta tinha uns bigodes iguais aos do tio Rui... Da mestria incomparável do jovem autor Ondjaki, uma história sem luz elétrica
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– Gostas de estrelas?
– Gosto bué, tio Rui. Brilham sem gastar a pilha. Só nunca consegui entender a cor delas.
– As estrelas não têm cor, são como as pessoas.
– Eu pensei que a cor das pessoas ficava na pele delas.
– Não. A cor das pessoas fica nos olhos de quem as olha...