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Sempre que minha família se propunha a realizar a aguardada viagem anual para o interior de Minas Gerais, visitar minha avó, um certo aspecto me atraía a atenção: as longas paisagens que denotavam uma melancolia constante, quase inerente. A noite era sempre resguardada por um tom de superação, graças à constante aproximação do nosso destino após aproximadas 14 horas de viagem, mas a manhã do dia de volta era reflexiva, com os sentimentos causados pela despedida gritando, sem voz.
Esses sentimentos me foram projetados por Iegoruchka durante toda a leitura; muitas cenas me eram relacionáveis, com um elo entre as descrições emotivas de Tchekhov e minhas memórias reais, tudo se une de uma forma agradável pela leitura calma do romance.
Os pontos de tensão com os bandoleiros foram o clímax do livro. Sempre haverão momentos na vida em que, mesmo rodeados de pessoas, nos sentimentos sós, com saudades do conforto materno que rondava nossas escolhas durante a infância. A passagem para a vida adulta, aqui simbolizada pela própria viagem pela estepe, nos obriga a esconder essa dependência e depositá-la em algo mais “maduro”, como quando Iegóri reza à Deus durante a tempestade.
E com a viagem terminada, o “rito de passagem” de Iegoruchka é finalizado, e o romance acaba, nos deixando apenas a incerteza sobre o futuro como espelho da realidade. Todos os dias participamos de processos que nos destinam para certos locais, mas onde iremos terminar? Esses locais serão bons ou ruins? Iremos ser mais felizes? Só Deus pode responder.