A menina entrou na casa grande com nove anos para trabalhar em troca de sopa e de um colchão estreito. Estava muito salva, diziam-lhe ajuizadamente todas as pessoas. Se não a tomassem como criada teria apenas a miséria por garantia. Naqueles tempos, a pobreza não se curava senão com a piedade de quem podia, e ela acedeu ao seu destino assim pequena, feita de ossos fininhos, uns olhos claros esbugalhados de ansiedade, confusa com palavras educadas que nunca ouvira e deslumbrada com o enfeitado da casa. Pensava: vão engordar-me, vão acalmar-me, vão educar-me as palavras e pôr-me bonita.
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