Ratings1
Average rating5
Tem algo de novo e ao mesmo tempo algo de tradicional em ler um livro que segue a vida de uma adolescente à medida que ela navega esse momento tão importante de transição. Usualmente, essas estórias de coming of ages são narradas com o foco também de um público infanto-juvenil em mente, o que inibe o autor (autora no caso) de analisar as situações sobre uma lente mais madura, não necessariamente adulta. Em A vida mentirosa dos adultos, Elena Ferrante descreve as descobertas de Giovanna ao passar pela adolescência. A descoberta de várias vidas, várias verdades e principalmente várias mentiras na vida das pessoas que ela admira e se espelha provoca reflexões diversas relacionadas à (auto-)imagem da pessoa, à fé, ao amor, ao ódio, e à gama de sentimentos que se afloram na adolescência, em acúmulo à revelações de mentiras tão bem escondidas na família da protagonista e narradora.
A universalidade do drama de Giovanna não reside no que anedoticamente acontece a ela, mas sim na forma como ela responde a esses acontecimentos. De certo modo, a mentira dos adultos nunca acabam (e a própria Giovanna incorpora isso ao longo do livro), elas podem vir à luz do dia, mas há sempre novos tópicos, cuja publicização é melhor não acontecer. Enfim, o livro é breve, interessantíssimo e desconhece rótulos de público por gênero.