«NASA cancela pesquisas na Lua.
Matteo come uma garfada de pasta junto à janela que dá para a Rua Vittorio De Sica.
De Sica foi o cineasta de Ladrões de Bicicletas.
Na Lombardia uma mulher grita pelo nome de Paolo.
Um doente num hospital da Lombardia vê o rosto da mulher e do irmão num
iPad bem levantado no ar pelas luvas brancas do médico.
O hotel Marriott é transformado num hospital de campanha.»
Este é o diário que Gonçalo M. Tavares escreveu sobre a pandemia entre Março e Junho de 2020.
Foi a partir de notícias, ou mesmo de experiências pessoais, ocorridas durante esta quarentena global inédita que Gonçalo M. Tavares elaborou uma crítica ética e política à sociedade actual cujos contornos se tornaram mais evidentes nesta fractura de «um século xxi partido em dois por um vírus».
Na Argentina escreveu-se: «com este Diário da Peste, Tavares traz algo novo para a literatura mundial».
António Guerreiro escreveu: «Seja escrito em estado de emergência ou em estado de calamidade, o Diário da Peste que Gonçalo M. Tavares tem publicado no Expresso dá expressão e forma ao que estamos a viver como nenhuma imagem, nenhum directo, nenhuma notícia, nenhuma reportagem consegue dar». Este Diário da Peste «é um dos momentos mais altos da literatura portuguesa».
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