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Resenha do blog Sincerando.com, escrita por Sarah Sindorf
“Posso falar sobre a escravidão apenas na medida em que foi por mim observada - apenas na medida em que a conheci e vivenciei em minha própria pessoa. Meu objetivo é dar uma declaração simples e verdadeira dos fatos: repetir a história de minha vida, sem exageros, deixando para outros determinarem se as páginas da ficção apresentam um retrato de uma maldade mais cruel ou de uma servidão mais severa.”
Solomon é filho de um ex-escravo, que assumiu o sobrenome de seu último senhor, Northup. Nasceu em 1808 e foi educado de forma superior às crianças de sua época, como ele diz. Seu pai, posteriormente à escravidão, tinha uma pequena fazenda, que lhe garantia o direito ao voto. Trabalhava na agricultura e tinha paixão por violino. Acabou se casando e tendo três filhos. Em 1841 aceitou uma oferta de emprego que o levou a ser enganado, sequestrado e submetido à escravidão por doze anos.
O autor tinha uma vida confortável com sua família e de certa forma não se preocupava com a possibilidade de ser escravizado, uma vez que nasceu livre. Entretanto, confiou em dois homens que lhe ofereceram um emprego como violinista, e que ajudaria a família por um bom tempo. Sendo levado à outro estado e drogado, ele se viu preso em uma casa onde se traficava escravos, onde apanhou e foi enviado ao Sul, onde a escravidão era mais praticada.
Contando sua posição de homem livre, Solomon foi ensinado através de surras que nunca mais deveria revelar essa informação, sendo ameaçado de morte. Ele desconhecia essa lei na época, mas sequestro e venda de homens livres como escravos era proibido. Depois de um período em cativeiro, se alimentando mal e apanhando, ele foi vendido para uma fazenda onde conseguiu se recuperar e até fazer amizade com seu senhor e alguns outros escravos.
Infelizmente, ele foi vendido novamente e passou por vários problemas: trabalho excessivo, tortura (chibatadas e ameaças de morte), fome, falta de vestimenta apropriada e o mais importante: falta de liberdade. Seu coração doía permanentemente com a distância e a falta de informações sobre sua família. Sequer sabia se eles estavam conscientes de que ele tinha sido escravizado.
O livro relata o sistema de Escravidão da época, incluindo desde o funcionamento de colheita de algodão e fabricação de açúcar até formas de tortura física e psicológica que eram usadas nos escravos para “motivá-los” a aumentar a produção. Apesar de todo o sofrimento pelo que passou, Solomon ainda conseguia aproveitar pequenos momentos de prazer: conversar com outros escravos, tocar violino nas redondezas, entre outras coisas.
É uma história muito sofrida mas que felizmente terminou em sua soltura em 1853 e na publicação deste livro. É interessante observar algumas questões sociais da época também, como a necessidade de se ter uma propriedade para se poder votar e a impossibilidade de negros poderem testemunhar ou abrir processos. Graças ao relato quase técnico do autor, esse livro poderia ser incluído como material em sala de aula.
Na introdução e no posfácio também constam informações sobre a vida que o autor levou pós-libertação (concluindo em uma morte desconhecida, tanto em causa quanto em local/data) e sobre o filme (que não assisti ainda, mas pretendo em alguma data breve). É uma grande lição de superação e trago a esperança que as pessoas percebam que não era uma situação injusta com ele, por ter sido escravizado injustamente, mas com todos os negros que foram escravizados e que não tinham nem a esperança de uma possível libertação.
Link: http://www.sincerando.com/2014/05/doze-anos-de-escravidao.html