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NÃO ACREDITO EM DEUS, mas sinto a Sua falta.
É assim que Julian Barnes começa, e depois ainda acrescenta:
Se me intitulei ateu aos vinte e agnóstico aos cinquenta e aos sessenta, não é porque tenha entretanto adquirido mais saber: apenas mais consciência da ignorância.
Através de algumas memórias da sua família – avós, pais e irmão - Julian Barnes desafia-nos, através dos seus pensamentos, a meditarmos e aprendermos sobre a inevitabilidade da morte, e a interrogarmo-nos sobre a religião.
Antecipar assim a morte é soltarmo-nos da sua servidão: além disso, se ensinamos uma pessoa a morrer, ensinamo-la a viver.
Com uma prosa requintada, em alguns momentos descontraída, Barnes não nos intimida. Vai-nos dando diversos pontos de vista recorrendo a muitos escritores e artistas favoritos: Chostakovich, Ravel, Zola, Flaubert, Somerset Maugham, Jules Renard, até William Faulkner que disse que o obituário dum escritor devia dizer: Escreveu livros e depois morreu.
As reflexões sobre a morte e sobre a religião são simultaneamente sérias e engraçadas, profundamente honestas e que nos trazem uma certa melancolia, mas como diz Richard Dawkins O universo não nos deve condolências nem consolação; não nos deve uma agradável sensação íntima de bem-estar. Se é verdade, é verdade, e o melhor é aprendermos a viver com isso. Morre e desaparece, é mesmo assim., ou como diríamos hoje em dia numa linguagem menos erudita, é lidar!