“Hoje em dia, por toda a parte, são as memórias artificiais que apagam a memória dos homens, que apagam os homens da sua própria memória” Jean Baudrillard.
De Luiz Pacheco esperam os leitores desprevenidos, quase sempre, o cumprimento do seu nomeado estatuto de terrorista intelectual; cobiçam na sua prosa o ataque cirúrgico do adjectivo F-14, que friamente ignora quaisquer danos colaterais. E, talvez por isso, do (im)pertinente crítico - intolerante sim, mas convenhamos, o mais das vezes justo – se erija o desajustado epíteto de maldito, subtilmente colado ao artifício de maldisant. Contudo, contraria-nos o autor nalgumas crónicas que para a presente edição colige e selecciona, mostrando-nos que sabe dar voz ao mais sincero elogio e ao mais franco reconhecimento de atributos alheios – literários ou não. Fiquemos, pois, com o cru luar de quem cimentou a sua relação com o mundo no apelo a que não se apaguem os homens da sua própria memória.
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