Sputnik, Meu Amor
Sputnik, Meu Amor
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O meu primeiro Murakami - mas julgo não ter começado bem.
Uma bela história, personagens interessantes, sem dúvida, mas uma voz narrativa profundamente... desinteressante. As reflexões repetem-se sem acrescentarem nada de novo ao que já tinha sido dito, numa narrativa pejada de lugares comuns (pelo menos na tradução de Maria João Lourenço, não faço puto ideia como será o original) e uma insistência em descrever o inútil que me irritou. Sim, grande parte do texto é inútil: não tem “literatura suficiente” para nos agarrar só por si, não desenvolve personagens e não adianta nada à história. O melhor exemplo que posso dar é a viagem de K do Japão à Grécia. São páginas e páginas em que ficamos a saber que ele pagou o bilhete, que recebeu o bilhete das mãos da senhora do balcão, que bebeu uma água, que se ouviu “Todo os passageiros do voo sei lá quê devem embarcar”, que isto, que aquilo. Ele descreve toda a sua viagem como quem está a fazer um relato de futebol, e no fim da descrição eu não fiquei com a sensação de ter viajado com ele, nem de ter estado nas ruas de Atenas.
O livro está cheio destes momentos, e julgo que isso matou tudo o resto que ali havia de interessante. E é pena, porque o que lá há de interessante, até é bem interessante.