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A objetividade da apresentação da metamorfose de Gregor nos coloca imediatamente dentro do universo da história, quase que à força, o que acaba funcionando bem pra um texto curto como esse.
Apesar de ser tratado como criatura e se tratar como incapaz, a narração transparece ao leitor a humanidade ainda pulsante em Gregor, pintando os maus tratos da familia com tons de crueldade e a descrença de Samsa com matizes de pena e melancolia.
Por vezes me vi na autodiminuição de Gregor em prol da felicidade da família e na privação da própria liberdade, criando pra si uma prisão nunca reforçada pelo ambiente em si (não foi exatamente uma observação feliz rs).
Mesmo com um tom monótono e objetivo, Kafka ainda conseguiu me tocar com suas insinuações sutis e suas cenas viscerais.