Este objeto editorial resulta da criação artística transdisciplinar "Topo(S)grafia", que teve lugar no dia 4 de maio de 2019, em Braga.
Destinada à Colina de Guadalupe, onde se implanta a Torre Miradouro do Sagrado Coração de Jesus (património da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional de Braga), a ação propôs uma anotação vivida do “ato de caminhar” enquanto prática estética – um gesto performativo que advém da Psicogeografia Situacionista de Guy Debord. O mito de Sísifo (Albert Camus, 1941), análogo a rotinas geradoras de movimentos de repetição e esforço, encontra-se de sobremaneira com os propósitos de "Topo(S)grafia", levando os participantes a integrar uma metáfora da sociedade contemporânea. Entendeu-se abrir as relações com o lugar, ora provocando, ora enfatizando um qualquer espaço de alteridade na relação do eu, do outro e do contexto urbano que a todos pertence. São os corpos humanos e suas deambulações sobre a paisagem que sugerem um modelo do movimento quotidiano que, tal como Sísifo, persegue repetida e ininterruptamente a (incerta) caminhada pelo destino que simultaneamente atrai e condena. Concebida por Gisela Rebelo de Faria, a ação artística congrega um texto original de Gonçalo M. Tavares que é dito por Ivo Canelas. A música é criada e interpretada no lugar por Nuno Aroso e Henrique Portovedo. Nasce um poema de transdiciplinaridade que impele os corpos d'Os Espacialistas a uma dinâmica de deslocações na paisagem que inclui os participantes neste percurso. O tal percurso que os incitou a explorar renovados modos de ver e de interagir com o lugar, pisando e percorrendo o mesmo chão dos artistas, surpreendendo-se (espera-se) com o até então inalcançável, invisível. Terminam a ação performativa no cimo da torre, tocando, nesse momento, o ponto mais alto da paisagem. Na simbiose entre lugar – espaço – matéria – som – performatividade, a escala humana surge como medida e dispositivo relacional capaz de edificar narrativas.
Esta peça editorial é o registo de "Topo(S)grafia" e surge com o intuito de permitir uma renovada experiência de fruição do (i)material artístico da ação. Pretende-se que a manipulação do objeto contenha uma intenção performativa, enaltecendo os princípios subjacentes à criação.
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