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Este livro apresenta - o caipira Jeca Tatu, com ele, Lobato antecipa uma postura ecológica ao defender o meio ambiente, explorando temas como a queimada e o desmatamento no Vale do Paraíba.
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UrupêsOrigem: Do tupi uru'pêBotânica: nome vulgar brasileiro que designa um fungo basidiomicete (pequeno cogumelo), que é também conhecido por orelha-de-pau e urupê-vermelho.Urupês, publicado em 1918, é a obra que dá início à carreira de Monteiro Lobato e reúne uma colectânea de doze contos e dois artigos-conto.O artigo “Velha praga”, publicado em 1914, no jornal O Estado de São Paulo – Estadão – e que gerou grande polémica era um protesto contra as queimadas no Vale do Paraíba. Monteiro Lobato, naquela época, dedicava-se à fazenda herdada de seu avô e tinha inúmeros problemas, uns causados pela seca e outros pelas constantes queimadas praticadas pelos caboclos. Devido ao impacto e polémica do artigo Monteiro Lobato publicou, no mesmo jornal, outro conto chamado Urupês.É neste artigo “Velha praga” e principalmente no conto Urupês que surge uma personagem bastante famosa: o Jeca Tatu. Jeca Tatu representa a miséria e atraso do país. É um caipira miserável, desleixado, com mau aspecto, imundo e que apenas vive da agricultura de subsistência. Não tem educação, cultura e é preguiçoso.Originalmente esta colectânea de contos era para ter como título “Dez mortes trágicas”, e até faz bastante sentido, porque quase todos os contos ou contêm ou terminam em tragédia – e não são tragédias pequenas, algumas são devastadoras. Há assassinatos, suicídios, traições e até necrofilia.Urupês é um marco na história da literatura brasileira. Os contos têm uma temática regionalista, abordam problemas das cidades do interior – sempre chamadas de Itaoca, cujo significado em tupi é caverna - e pela primeira vez um autor faz uma dura crítica à realidade do interior do país que na sua opinião não queria modernizar-se.O crítico literário Alceu Amoroso Lima definiu-o como: “Vibrante, expressivo nas comparações vegetais, independente, cria neologismos, inventa construções inéditas, e para ideias novas aplica termos novos. Pode-se dizer que ele sacode a velha árvore da língua e, ao agitar, da fronde caem os frutos secos, vigorizam-se os novos e repontam outros.O Jornal, Rio de Janeiro, 23 de junho de 1919. Nota da edição de 2007Destaco os contos:A colcha de retalhos – 1915”(...) costumava dizer: mulher na roça vai à vila três vezes – uma a batizar, outra a casar, terceira a enterrar”“Pollice verso” – 1916 “A morte é um preconceito. Não há morte. Tudo é vida. Morrer é transitar de um estado para o outro. Quem morre, transforma-se. Continua a viver inorganicamente, transmutado em gases e sais, ou organicamente, feito lucílias, necróforas e uma centena de outras vidinhas esvoaçantes. Que importa para a universal harmonia das coisas esta ou aquela forma? Tudo é vida. A vida nasce da morte.”Bucólica – 1915💔O estigma – 1915”Minha mulher – não o suspeitaste naquele jantar? – era uma criatura visceralmente má.O ‘má' na mulher diz tudo; dispensa maior gasto de expressões. Quando ouvires de uma mulher que é má, não peças mais: foge a sete pés.”Urupês – 1914“O caboclo é soturno.Não canta senão rezas lúgubres.Não dança senão o cateretê aladainhado.Não esculpe o cabo da faca, como o cabila.Não compõe sua canção, como o felá do Egito.No meio da natureza brasílica, tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos derramam feitiços no ambiente e a infolhescência dos cedros, às primeiras chuvas de setembro, abre a dança dos tangarás; onde há abelhas de sol, esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume, vida dionisíaca em escachoo permanente, o caboclo é o sombrio urupê de pau podre, a modorrar silencioso no recesso das grotas.Só ele não fala, não canta, não ri, não ama.Só ele, no meio de tanta vida, não vive...”Próximo livro: [b:Cidades Mortas 6072729 Cidades Mortas Monteiro Lobato https://images.gr-assets.com/books/1403077071s/6072729.jpg 6249245]