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Aos dezoito anos, Damien Echols foi apontado como líder de um grupo satanista e principal responsável pelo assassinato de três garotos de oito anos em West Memphis, no Arkansas. Após um julgamento marcado por falsos testemunhos, provas manipuladas e histeria pública, em 1994 seus amigos Jason Baldwin e Jessie Misskelley foram condenados à prisão perpétua e Damien foi enviado ao Corredor da Morte, onde aguardaria sua execução. As irregularidades gritantes no desenrolar do processo, bem como a apatia dos advogados de defesa, chegaram ao conhecimento do público dois anos depois, por meio do documentário Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills. Desde então o caso conquistou repercussão mundial e angariou simpatizantes célebres, como o ator Johnny Depp, o músico Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, e o cineasta Peter Jackson, que se empenharam vigorosamente para que a justiça fosse feita. Graças a esse esforço, o trio de West Memphis foi enfim libertado em 2011.Em Vida após a morte, Damien Echols conta sua própria história com notável talento narrativo e constrói um relato envolvente. Sua prosa fluida e rica em detalhes alterna episódios da vida dentro e fora do sistema carcerário norte-americano, ao descrever desde a infância de extrema pobreza, sua condenação e os anos na cadeia até a relação com a esposa, com quem ele se casou quando ainda estava preso. Mais do que a denúncia de uma injustiça perpetrada durante dezoito anos, Vida após a morte é uma obra tocante que desnuda todo o esforço realizado pelo autor para preservar sua sanidade e integridade diante de uma rotina de terror e desespero.“As histórias de Vida após a morte são tão bem contadas que parecem incríveis. É evidente o talento literário do autor.” The New York Times“Damien Echols sofreu uma espantosa injustiça, um pesadelo que poucos conseguiriam suportar. É uma história que levará o leitor às lágrimas e o deixará, ao mesmo tempo, estarrecido e fascinado. Um brilhante relato de memórias, à altura de gigantes literários do calibre de Jean Genet, Gregory David Roberts e Dostoiévski.”Johnny Depp, ator“Uma autobiografia arrebatadora, elaborada com primor...Uma reflexão simples e dolorosa sobre a vida carcerária nos Estados Unidos.”Publishers Weekly“Excepcional... Echols é essencialmente um poeta e místico. E não escreveu um livro para tirar proveito de uma história terrível – em vez disso, escreveu uma obra de arte.” Kirkus Reviews“Injustiçado por policiais, promotores e um juiz deliberadamente ignorantes, Damien Echols extraiu forças de sua inteligência e de uma visão particular da humanidade para sobreviver a dezoito anos no Corredor da Morte. Minha admiração por sua força de vontade aumenta a cada página.”Peter Jackson, diretor de O Senhor dos Anéis
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Resenha do blog Sincerando.com, escrita por Sarah Sindorf
“Quero fazer do mundo um lugar mais mágico. Dar à magia uma forma que as pessoas apreciem e que possa mudar suas vidas. Criar uma arte que faça com que as pessoas queiram sempre rejeitar o mundo prosaico e medíocre que as cerca. Minhas ferramentas podem ser o tarô, o trabalho com grupos de energização ou a fotografia, mas meu objetivo é compartilhar com as pessoas toda a maravilha e a beleza que descobri enquanto fiquei trancafiado em uma cela por quase vinte anos”.
Aos 18 anos, Damien e dois amigos foram acusados pelo assassinato de três meninos de 8 anos em West Memphis, no Arkansas. No entanto, enquanto seus amigos tiveram como pena a prisão perpétua, Damien foi para o Corredor da Morte, esperar por sua execução. O que diferencia seu caso de outros milhares de presos, é que o julgamento foi feito com vários falsos testemunhos, faltas de provas e pressão popular, e segundo tudo consta, passou 18 anos injustamente encarcerado.
Através do documentário Paradise Lost: the Child Murders at Robin Hood Hills, de 1996, seu caso veio à público, e ganhou apoio de várias celebridades. Em 2011, Damien e seus amigos finalmente foram libertados. O autor então conta nesse livro como foi sua vida pré-prisão e como passou esses 18 anos lutando por sua libertação.
“Ouvir as cigarras é como ter o coração esfaqueado por lâminas de gelo. Elas me lembram que a vida continuou para o mundo enquanto fiquei isolado em uma caixa-forte de concreto. Em muitas noites, fui acordado pela sensação de ratos caminhando sobre meu corpo, mas nunca ouvi o canto de verão das cigarras. A última vez que o ouvi, ainda não tinha vinte anos.”
Comprei essa biografia na Bienal do Rio, ano passado, e não esperava que fosse tão pesada. Esperava que fosse triste, pois uma enorme injustiça foi feita e o autor passou anos sem saber se morreria por algo que não fez ou se algum dia respiraria ar puro novamente. Entretanto, a vida de Damien Echols foi muito pesada desde o começo.
Filho de uma família pobre, Damien passou anos na miséria, algumas vezes literalmente passando fome, além de ter sofrido maus tratos e ter sido vítima de vários preconceitos, entre eles na adolescência, quando se achou na música metal e no visual que hoje chamamos de gótico. Morar numa cidade pequena e limitada com um visual diferente do normal não deve ter sido uma experiência feliz.
O livro contém vários trechos que ele conseguiu escrever em seus anos preso, e oscilam entre depressão e uma esperança enorme. Dentro da prisão, ele estudou e praticou religiões diferentes, e teve provas de amor, compaixão e crueldade humana. Tudo isso contribuiu para que ele mantivesse sua sanidade e esperasse que as coisas pudessem melhorar. Também traz algumas fotos desse período e pós libertação.
“Quase todas as vezes que dou uma entrevista, me perguntam do que mais sinto falta. Quando fazem isso, cem coisas passam por minha mente e as lembranças em causam aquela sensação de queda livre na boca do estômago. (...)
No fim, não é das frutas que mais sinto falta, mas, se você juntasse todas as privações, o resultado final seria algo assim: sinto falta de ser tratado como um ser humano.”
A descrição da justiça local e das prisões em que esteve preso são horripilantes e amedrontadoras. Como aconteceu com ele, poderia ter acontecido com qualquer um, e provavelmente acontece muito por ai. Não foi o primeiro caso de prisão injusta que já ouvi e infelizmente não deve ser o último. A história dele também é contada através de três documentários (Paradise Lost 1, 2 e 3) e em seu site, damienechols.com.
Damien teve sorte, pois tiveram o interesse de filmar esses documentários, e foram eles que tornaram seu caso conhecido e facilitaram sua libertação. Mesmo assim, foi um processo demorado e doloroso, cheio de falhas da defesa e apatia dos advogados, que sem a pressão e ajuda de celebridades e amigos do autor, não seria possível. Provavelmente sem eles o autor estaria morto hoje em dia e sua história enterrada.
Foi um livro que mexeu muito comigo, e até agora não sei se o que escrevo aqui consegue refletir o quanto. É triste saber que uma pessoa inocente possa passar por tudo que ele passou, ao mesmo tempo que é um incentivo perceber como um ser humano pode sair disso são e pronto para viver os anos que ainda tem pela frente. É uma biografia forte e deixo aqui as palavras do próprio autor sobre a sua leitura:
“Fico aborrecido de imaginar as pessoas lendo minhas palavras por curiosidade mórbida. Quero que leiam o que escrevo porque isto tem um significado para elas - seja por fazê-las rir ou por lembrá-las de coisas esquecidas que em algum momento tiveram importância para elas, ou simplesmente por comovê-las de algum modo. (...)
Se alguém começar a ler porque deseja ver a vida a partir de uma perspectiva diferente, ficarei satisfeito. Se lerem para saber como é a vida pelo meu ponto de vista, fico feliz. São os sanguessugas que me deixam doente e incomodado - os que não dão a mínima para mim e só se interessam por coisas como prisioneiros no Corredor da Morte.”
Link: http://www.sincerando.com/2014/05/vida-apos-morte.html