Resenha para o site up-brasil.com
Já na capa de Eu te Vejo temos uma frase que enche a história de expectativa – “chega um ciclone erótico” – e que me deixou pensando sobre o que seria um ciclone erótico? Então, perto da metade da história entendi o porquê da expressão. A italiana Irene Cao nos apresenta uma história com uma viagem sensual repleta de paixão, onde o importante é sentir prazer e não criar sentimentos mais profundos. A trama gira em torno de Elena e sua maneira de lidar com o desejo (ou no caso, a sua não-maneira), que é completamente abalada quando conhece o famoso chef Leonardo.
Fomos apresentados à Ele, uma mulher recatada de vinte e nove anos apaixonada por seu trabalho como restauradora de obras de arte; sua melhor amiga Gaia, uma mulher cheia de vida que apesar de não querer demonstrar também sofre por amor; seu chefe Jacopo, um conde que não me permitiu formar um parecer muito refinado; seu amigo/affair/alguma coisa Filippo, que a meu ver é um dos personagens mais subestimados de todo o livro; e à Leonardo, o chef irresistível e misterioso – sério, a atitude “eu-te-ligo-quando-eu-quiser-e-você-vem-correndo” não é tão atraente assim, sabe? A história é narrada pelo ponto de vista de Elena e é assim que conseguimos entender como funciona a sua forma de pensar e agir – o que ajuda também a escolhermos um lado para torcer (porque por mais que você tente, é sempre assim). Tudo vai bem, obrigada, então, perto da metade da história, as coisas fogem do controle! Eu realmente não esperava que a sucessão de acontecimentos fosse tão rápida – mas não há nenhum problema nisso, na verdade acabou sendo uma rajada refrescante de surpresa.
Vários acontecimentos aparecem de repente – Filippo e Ele têm uma boa noite juntos, para depois o moço ir embora a trabalho; Leonardo e Ele têm uma ótima noite juntos e é disso que nasce o combinado “vamos-dormir-juntos-mas-não-nos-apaixonaremos” que nos rende uma turbulenta carga de emoções para Elena. Aquele ciclone erótico mencionado no começo desta resenha é ninguém mais do que o próprio Leonardo – sempre mandando em Elena (às vezes também sendo rude), puxando seus limites e lhe oferendo mais prazer do que a moça imaginara. É Leonardo quem guia Elena na descoberta e amadurecimento de si mesma, é quem lhe proporciona aventuras sexuais e quem comanda a situação – não posso deixar de dizer que é ele também quem me causou algum incomodo durante a leitura – nem tanto pelas experiências sexuais, mas por todos os seus mistérios e suas fases de homem problemático que são um pouco cansativos. E mesmo gostando muito de Elena, não posso deixar de comentar que sua falta de força quando se trata de Leonardo também é um fator que não me agradou muito – característica essa que se faz presente em todas as vezes em que depois de um período afastado, Leonardo aparece mandando que ela vá a algum lugar para se encontrar com ele.
É o amadurecimento – tanto sexual quanto mental – da personagem principal que me encantou, Elena cresceu a olhos nus enquanto as páginas passaram. Demora um bocado de páginas para que ela perceba para quem deve realmente se entregar, um bocado de páginas para os personagens convencerem – a si mesmos e aos leitores –, e é no meio disso tudo que Elena consegue perceber que é, sim, uma mulher forte. As profissões mostradas são outro ponto forte – não é todo dia que encontramos personagens tão bem construídos culturalmente falando –, quantas vezes você encontrou uma personagem que trabalha com restauração ou é dona de uma empresa como a de Gaia? (mas eu sei também que chefs nós já conhecemos aos montes!) Também não posso deixar de comentar sobre a paisagem que permeia toda a ação dessa narrativa. Veneza nos é mostrada pelo olhar de uma moradora, não de uma turista, o que confere mais veracidade – ou talvez mais poder de convencimento – e encanta não só pelas descrições, mas pelas observações feitas pela personagem.
Eu te Vejo é uma leitura fluída, rápida e repleta de sensualidade. Seus personagens passam das características que eram esperadas e conseguem equilibrar fatores previsíveis (o par da personagem principal não quer se apaixonar... nós já não vimos isso? Temos um triângulo amoroso, não é o esperado...?) e imprevisíveis (Gaia é uma personagem imprevisível... e a forma de pensar de Elena também) de forma mais do que satisfatória. De modo geral, o primeiro volume da trilogia de Cao me agradou bastante ao não focar só em sexo, mas também no que as personagens realmente sentem – pelo menos o que sentem aquelas que conseguimos realmente ver – e foi um bom começo para a trilogia.
Todos os textos produzidos pela Up!Brasil não podem ser reproduzidos – total ou parcialmente – sem autorização. Cópias não autorizadas e plágios são crimes previstos no Código Penal.
Autora: Lucy Leiderman
Editora: Dundurn Group
Páginas: 384
Adoro uma capa de livro, por isso, enquanto olhava as estantes do Net Gallery me apaixonei pela arte da capa desse livro. É tão cheia de cor e bonita! Eu não tinha nem lido sua sinopse e já sabia que iria lê-lo – culpe a capa. Pois bem, recebi o ARC e me envolvi com a história de Gwen, sem me arrepender.
A vida da adolescente Gwen muda quando conhece Kian, e este lhe mostra um mundo totalmente novo – e um destino que ela deve cumprir com a ajuda de outras seis pessoas. Kian é o típico personagem feito para cativar o leitor, misterioso, cheio de segredos – que dão o ar da graça no ponto alto da narrativa – e com ações não esperadas, as cenas em que ele aparece sempre me deixaram ansiosa, esperando alguma reação que valesse a pena. Com Gwen, ele tem alguns momentos realmente interessantes. Gostaria de poder saber mais sobre esse personagem, para poder entende-lo de verdade.
O que me leva à Gwen. Eu, pessoalmente, não embarcaria numa aventura com um desconhecido para encontrar outros garotos com a mesma peculiaridade que a minha, mas estou falando de Gwen agora e é claro que ela iria atrás de Garrison e Seth. Fico feliz por encontrar uma personagem forte, não só fisicamente, mas também psicologicamente (porque, sinceramente? Sempre ler sobre personagens que são donzelas em perigo é cansativo). Gwen descobre sobre seu passado através de Kian e tem que ajudar a salvar o mundo de uma dominação mágica, mas depois de passar pelo trauma, não fica chorando em um canto como várias outras personagens por aí. Ela é humana, sente medo e apreensão sobre seus poderes. Gwen tem potencial de se tornar uma ótima personagem – se mantiver seu estilo irônico pelos próximos livros.
Não posso deixar de comentar que o ritmo da história é acelerado. Em um momento eles estão em C e de repente já pularam para G – e você precisa voltar e reler para descobrir o que aconteceu. Isso me deixou um pouco confusa até que finalmente me acostumei (já perto do final). Gostaria de saber mais sobre as vidas, qualquer uma delas, de Seth, o garoto friamente descontraído, e Garrison, com sua super vontade de... Por ser o primeiro livro de uma trilogia, entendo que sua história é uma forma de introduzir o mundo da trilogia Seven Wanderes. Talvez minha única ressalva seja o uso de frases curtas, o que ajuda a fazer a história correr, mas também não indica um aprofundamento de pensamento dos personagens.
Todo livro tem seus altos e baixos, mas isso não significa que devemos parar sua leitura por isso. Adoraria se Lucy Leiderman desse mais destaque para Seth e Garrison, investisse mais no relacionamento não necessariamente romântico de Gwen e Kian e gastasse mais algumas linhas para não deixar tudo tão corrido (apesar de em alguns momentos acontecer exatamente o contrário e parecer que não estamos andando para frente); em contrapartida, adorei a maneira como Gwen lidou com sua nova vida e acompanhar sua jornada através de seus pensamentos foi uma boa experiência.
Cheio de ação e magia, viagens e aquele romance indispensável, Lives of Magic tem pressa de se provar uma boa leitura. Seus personagens prometem – e espero que cumpram no desenvolvimento dessa aventura.
Resenha de Livro: “Autumn” – Sierra Dean
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Começarei ao contrário, comentando sobre o final. Simplesmente porque não consigo imaginar um jeito melhor de se terminar uma história do que o que li.
Foi imprevisível, surpreendente e jogou por terra todas as suposições que fiz até àquele ponto. Como definir essa surpresa de uma forma que você alcance o que estou sentindo? Wow! – é perto o bastante, creio eu.
A história nos apresenta Cooper e Eloise. Cooper está destinado a se transformar em um coiote ao completar dezoito anos – e aqui vem a intertextualidade que tanto me persegue, você consegue enxergar a semelhança com Os Lobos de Mercy Falls de Maggie Stiefvater? –, isso porque a família Reynolds sofre com uma maldição, e é claro que o resto da cidade sabe pelo menos alguma coisa sobre isso. Ele é um garoto que tem total consciência de seu destino e vive a vida humana que lhe resta com tudo o que pode, até mesmo é do time de futebol, apesar de ser ignorado pelos companheiros no restante do tempo. Em resumo, Cooper é um garoto legal e doce, o que deixa o leitor triste por vê-lo ser ignorado uma e outra vez pelos outros garotos.
É nesse contexto que Lou entra em cena. Ela acaba de se mudar para a cidade e ainda não sabe do passado guardado a sete chaves no armário da família de seu pai. Lou é uma personagem e tanto! Sarcástica, engraçada e cheia de energia para fazer qualquer coisa de sua vontade. Apesar do todos lhe dizerem que ela deve manter distância, a garota continua a conversar com Cooper – e as interações entre eles são simplesmente suaves e completamente doces. É através dessa amizade que os dois descobrem ser unidos pela maldição – e a todos da cidade atravessarão qualquer obstáculo para impedi-los de continuarem se encontrando.
Já há algum tempo tenho me encantado com as história de Sierra Dean conta em seus livros (não deixe de ler também as séries Boys of Summer e Secret McQueen, que são as minhas preferidas) e não é nenhuma novidade a capacidade dessa mulher. Ela consegue envolver o leitor em suas histórias e não perde o ritmo em suas sequências!
Autumn é uma publicação independente, e é o tipo de livro que leva seu mistério até a última página, é empolgante, sensível e maravilhoso de ler. E não irei acabar com a graça e contar o porque do título ser “Outono”.
Agora, tudo o que me resta é esperar pelo lançamento de Winter, em novembro. Acompanhe comigo a desenrolar da série Dog Days e me conte o que você acha que acontecerá a seguir!
Infinity é o terceiro livro da série The Chronicles of Nerissette e, sem sombra de dúvidas, ganhou meu coração. Quando o NetGallery e a editora liberaram o meu acesso ao livro, tive que correr atrás do prejuízo e ler os dois primeiros volumes, que estavam esperando pacientemente a minha leitura. Nunca me diverti tanto.
Aqui, Allie tem que tomar uma decisão difícil desde o começo – correr o risco de iniciar outra guerra, quebrar o tratado de paz que demorou um ano para ser firmado ou permitir que as pessoas que ama sejam tomadas pelo inimigo? É, eu não gostaria de estar na pele dela – mas ler é uma história completamente diferente.
Andria Buchanan consegue te manter preso, acorrentado ao livro com tanta tensão, ação e movimentos rápidos. Simplesmente devorei essa história sem piscar os olhos.
Desde o começo da séria, Allie tenta fazer com que seus amigos fiquem em casa, mas nada é tão fácil. Como rainha, ela prometeu corrigir os erros de seu antecessor e depois de muitas reviravoltas em seu caminho, ela está pronta para enfrentar o futuro e trazer coisas boas para o povo de Nerissette. O tratado de paz, Allie acha que será possível enviar seus amigos para casa – e ela mesma gostaria de ir, mas...
As reviravoltas que a história dá me deixaram sem palavras: A moça finalmente encontra o pai e um amor que ela nunca pensou que existiria – e voltar já não parece o certo. Acabamos por descobrir que o tratado assinado com a tia não era a melhor saída e depois de deixar a floresta em chamas, declarar guerra é a única saída que existe para afugentar o medo e finalmente encarar o que deve ser feito para proteger aqueles que Allie ama.
É bom ver que Allie ficou mais forte e guardou sua paciência para aturar as consequências de lutas e mais lutas – e quem imaginaria que ela seria tão boa quando corre atrás de vingança? Essa foi uma grata surpresa. Ela não está mais tão tímida e insegura e muito menos influenciável, como era no começo da série.
Como a romântica incorrigível que sou, adoraria que Allie e Winston tivessem mais tempo juntos. Eles funcionam tão bem! Ficaria encantada se eles passassem mais do que uma página juntos. Além disso, ele é a voz da razão, o que é sempre muito bom – mas eu até entendo que durante uma batalha esse tipo de envolvimento não é fácil.
The Chronicles of Nerissette te leva para um mundo novo, cheio de ganância, medo, amor, magia, amizade e devoção. Infinity é um final adorável para uma série ótima - como todos adoramos um final feliz, uma solução para os problemas e casais apaixonados, toda a tensão e escuridão que rondam a narrativa são bem resolvidas. Fiquei apaixonada, agora o que eu faço?
Confesso que me interessei por Olivia Twisted por causa de um garoto muito distante e, ao mesmo tempo, muito próximo, Oliver Twist. Sim, essa é uma releitura – e acredite se quiser, me empolguei bastante por encontrar alguém capaz de fazer isso sem se perder. A autora conseguiu manter sua originalidade e transformar uma obra clássica em um YA moderno. Mas as semelhanças param no nome, aqui os garotos são hackers e fazem seus caminhos em contas de empresas, para depois ajudar aqueles que precisam. Nossa história pega o ritmo após dois dos garotos descobrirem o talento de Olívia e passarem a tentar recrutá-la para o grupo.
Nos encontramos com Olivia em um momento delicado – ela está sendo entregue em outro lar adotivo. Dessa vez, parece que irá funcionar: a família é rigorosa, mas boa e se preocupa com ela. É claro que ao longo da história vamos aprendendo mais sobre eles – e certos detalhes são um tanto quanto inquietantes. Olívia teria tudo para ter seguido um caminho ruim, a mãe drogada e as sucessivas trocas de orfanato não tiraram sua bondade e seus valores. Ela realmente é uma boa personagem para se encontrar.
Antes de continuar, preciso comentar sobre duas coisas que não consegui entender. Uma: há uma cena em que Olivia vai à uma boate e sua bebida é “batizada“, ela sabe quem o fez e vai confrontá-lo – até ai tudo bem, mas o problema aparece quando ela acredita na história que o culpado lhe conta. O confronto serviu para o que? Duas: a história por trás da família adotiva. O segredo do pai ganha espaço e me deixou empolgada – simplesmente para sumir sem mais nem menos. Eu adoraria respostas, sabe?
Enfim, esses dois nós se tornam menos importantes quando levo em consideração a forma magnífica que Vivi Barnes tem ao narrar uma história. Ela desenvolve os personagens de forma que convence o leitor e manter a trama nos prendendo a cada capítulo. É uma história leve, que nos apresenta o amor de forma suave e carismática.
O casal, Olívia e Z, é peculiar. Já faz algum tempo que não encontro um casal que tenha uma química tão boa e que não precise mover céus e terras durantes centenas de páginas para ficarem juntos. As centenas de páginas aqui são gastas em Z tentando levar Olívia ao seu mundo ao mesmo tempo em que tenta protegê-la (sim, ele tenta protegê-la, quem não gosta? Eu certamente sim). Demora para que a demonstração de carinho ganhe força, o que é interessante de se ler se levarmos em conta que hoje em dia a maioria dos casais já estão nos “finalmentes” antes do meio do livro. É também uma boa lição para os jovens, uma de que você não precisa apressar as coisas para ser feliz.
Z gosta do que faz – e é bastante empolgante ler sobre ele. Como não vê nada de errado com o que faz, acaba por fazer a ligação com Robin Hood ao tirar dos ricos para dar aos pobres. Ele não é um garoto ruim – e fica melhor depois de conhecer Olivia. Ela o faz repensar sua vida e suas atitudes – tudo bem, admito que antes dela, ele era moralmente instável, mas ei! Esse era até um detalhe charmoso. Com certeza gostei dele.
A leitura fluiu de forma contínua e rápida. O final não poderia ser melhor e fiquei satisfeita ao concluir a leitura. Foi agradável, romântico e doce. Se você gosta de livros Young Adult, esse é um que não deve perder.
Toda releitura de conto de fadas me deixa receosa – mesmo depois de conhecer a premissa, lá no fundo da minha mente resta a ansiedade que me persegue até o final da leitura. No caso do romance de Blackwell havia ainda o peso da opinião de pessoas que conheço – muitas gostaram, muitas odiaram.
Depois de quase um mês com o livro passeando entre minhas mãos, cheguei a conclusão de que gosto do estilo de escrita de Blackwell. Suas palavras são combinadas de forma quase artística e sua narrativa flui num ritmo constante. É uma releitura sólida – e crível. No entanto demorei bastante para terminar de ler – foi uma combinação de férias e suas muitas possibilidades e uma sensação de amortecimento com a história, que me atrapalhou um pouco.
Então o que vale contar sobre essa história (que não estrague as surpresas)? O foco da narrativa. Enquanto Bela Dormia conta a história de uma princesa, mas de forma diferente. A princesa acaba em segundo plano, pois é quem conta a história que toma conta da narrativa. Está é Elise, uma das garotas que trabalhavam no palácio, primeiro com a irmã do rei, Millicent, e depois com a Rainha Lenore e sua filha.
É Elise quem muda seu destino e é através de seus olhos que vemos o sofrimento da rainha em não conseguir conceber uma criança, a barganha que Millicent faz – e sua consequente maldição – e o crescimento de Rosa. É também ela quem perde o seu amor, quem descobre quem realmente é, quem luta com seus medos, quem perde pessoas amadas (e volta a encontra-las) e quem ajuda em grande parte dos momentos. Mesmo sendo uma personagem forte, Elise é frustrante. Ela coloca sua carreira no palácio acima de tudo, e algumas de suas ações deveriam ser diferentes – entretanto, depois de um distanciamento maior da leitura, percebo que, apesar dos pesares, ela fez o que deveria fazer.
O final no entanto... O final foi ótimo. Nós seguimos a história e o seu fechamento (que na verdade foi o começo de muitas outras coisas) foi mais do que eu esperava. Foi realmente bonito.
Enquanto Bela Dormia é imensamente diferente de A Bela Adormecida, a autora consegue balancear a criação de um mundo medieval castigado por doenças e cercado por perigos reais com elementos, ícones e personagens do conto de fadas que todos conhecem. A essência do conto está aqui, ainda que com os acréscimos de realidade (tão bem construídos) e da história de uma mulher que espera alcançar a felicidade depois que todos os que ama estiverem bem.
Blackwell nos propõe uma leitura agradável, com acontecimentos inesperados e personagens bem construídos – ainda que leve algum tempo até que nos acostumemos com eles. É uma história que se deve ler e pensar a respeito tempos depois.
Posted on: http://up-brasil.net/2016/02/18/resenha-de-livro-enquanto-bela-dormia-elizabeth-blackwell
Era uma vez uma bruxa e uma jovem passeando pela floresta, procurando uma espécie de flor especial. Mas nem tudo são flores (desculpa, não consegui segurar o trocadilho) e durante uma tempestade as amigas se separam e, enquanto Meredith, a bruxa, volta para casa preocupada, Michelle, a jovem misteriosa, acaba por se embrenhar ainda mais na floresta e encontrar uma mansão. Mas quem mora numa mansão tão antiga [normalmente, a Fera e sua biblioteca maravilhosa]? Os irmãos Vergamini. Danton, Carl, Luka, Ethan, Christofer, Frank e Wolf. Sete homens que escondem muito mais do que apenas sua natureza violenta. É com esse grupo um tanto quanto diferente que Michelle irá conviver a partir de agora - se isso é bom ou ruim, apenas o futuro poderá dizer.
E é só isso o que você vai saber sobre a história por aqui porque não quero acabar com as surpresas e reviravoltas da narrativa.
A Filha do Norte começa de forma devagar, aos poucos, como se testando o caminho e firmando as pernas – o que poderia também servir para falar sobre Michelle, nossa protagonista, que vai aos poucos (e a pequenos passos) ganhando confiança em si mesma. O ritmo da trama começa a mudar depois das primeiras cinquenta páginas e uma série de acontecimentos prendem a atenção (e o seu coração começa a acelerar, seus olhos a piscar e a ansiedade toma conta - aquele esquema de sempre, você sabe como é).
A história que Luisa nos traz foi uma grata surpresa, sua premissa é bastante interessante e o mundo criado é, de uma forma ou de outra, envolvente. A linguagem empregada é natural e favorece para o ritmo da narrativa fluir sem problemas e de forma agradável. Com a narrativa seguindo os personagens sempre de perto, ora com Michelle, ora com qualquer outro personagem, o leitor pode conhecer seus pensamentos e fazer suas próprias conjecturas sobre o que cada um deles sente e/ou esconde. Nesse ponto, um personagem que tem muito potencial para “os próximos capítulos”, para mim, é o Wolf. Mais calado e, numa primeira impressão, mais selvagem do que os outros, suas aparições trazem sempre algum detalhe interessante.
Vivi um relacionamento de amor e ódio com grande parte dos personagens (e fiquei indignada com dona Luisa váris vezes), mas Luka e Wolf são, na maior parte, os personagens que mais me agradaram, juntamente com Meredith (que conta com a companhia de Elza, uma outra bruxa). Wolf parece ter um papel importante nos próximos acontecimentos e Luka possui um carisma meio doentio, deixe-me te dizer. Meredith parece uma boa influência para Michelle e espero vê-la em ação em breve. Quanto a Michelle, como comentei anteriormente nesse mesmo parágrafo, tenho uma relação de amor e ódio muito forte com ela. Seu passado é misterioso e suas possibilidades são grandes, ao mesmo tempo sua ingenuidade (ou seria inocência?) a deixa um tanto quando frágil – e, até mesmo com medo de deixar isso para trás e agarrar sua força com unhas e dentes –, mas ela possui um potencial incrível e, desde que esteja determinada, pode mudar drasticamente seu destino.
De forma geral, os personagens se completam. Os Vergamini, as duas bruxas e os habitantes da vila... todos formam um panorama interessante e que trabalham como engrenagens, mantendo tudo o que há tempos fora estabelecido no lugar – até que Michelle chega e começa a, mesmo sem saber, mudar certas coisas (e mudanças, na maioria das vezes, são boas).
Quando uma pessoa passa a sua infância e adolescência assistindo animes e doramas (e lendo mangás sem parar), de um jeito ou de outro vai começar a fazer associações estranhas entre as histórias que já assistiu e as que está acompanhando no momento. Nesse caso, logo nos primeiros capítulos, quando os Vergamini aparecem, comecei a lembrar de um anime que assisti já há algum tempo e que talvez pudesse ser um bom comparativo com A Filha do Norte – o encontro entre uma moça que não sabe onde se meteu e vários homens não tão bem intencionados assim. Agora, enquanto escrevia essa resenha, lembrei que o nome do anime é Diabolik Lovers [link] – que conta a história de uma moça inocente e seis vampiros nada inocentes (aliás, ele tem uma segunda temporada, que eu não assisti, Diabolik Lovers More Blood [link], onde aparecem mais quatro vampiros – e parece zona demais para a minha vida de shipper) –, que apesar de bastante inquietante, possui um encantamento doentio que torna impossível não assistir todos os episódios, o mesmo que acontece com esse livro que te prende até o final. Para mim, guardadas as devidas diferenças entre as histórias, Ayato e seus irmãos tem personalidades parecidas com as dos Vergamini. Mas não vamos perder o foco aqui (porque, parando para pensar, eu poderia até mesmo conseguir relacionar A Filha do Norte com outro anime, Brothers Conflict, e esse parágrafo já ficou grande demais).
Enquanto minha relação com Diabolik Lovers é tensa (mas não vou falar sobre isso aqui), a com A Filha do Norte é muito calma. Essa é uma história repleta de mistérios - e quase não há respostas para eles nesse momento - que deve começar a se desenrolar de verdade no próximo volume (e dona Luisa vai me deixar curiosa até lá, claro). Por ser um primeiro volume é seu trabalho deixar mais pontas soltas do que amarradas e mais mistérios do que respostas – o que faz muito bem. Este é um livro com quase quinhentas páginas que demandam atenção na leitura, pois enquanto sua trama cresce e se torna mais complicada, é possível deixar alguma coisa passar despercebida.
A trama de Luisa Soresini consegue misturar horror e humor ácido num cenário aparentemente comum, mas cercado de elementos fantásticos. Há o peso do destino nas costas de seus personagens e aquela vontade de se rebelar que todos nós carregamos no coração. Há conflitos e relações de ódio e de redenção. Há muito a ser explorado. E a Filha do Norte merece um voto de confiança não apenas de si mesma e de suas amigas bruxas, mas de todos nós, principalmente porque suas aventuras apenas começaram. Leitura mais do que indicada para quem gosta de uma boa trama bem amarrada.
Renha postada originalmente em: http://up-brasil.net/2016/02/23/resenha-de-livro-o-despertar-do-principe
O Despertar do Príncipe é o primeiro livro da nova série de Colleen Houck, Deuses do Egito, e conta a história de uma jovem rica, bem-educada e controlada que encontra um príncipe egípcio (vulgo, múmia) desperto no museu de Nova York e acaba envolvida em uma aventura muito mais interessante do que a vida que ela levara até aquele momento.
Até aí tudo bem, porque, convenhamos, nós já nos deparamos com coisas muito mais esquisitas nessa vida. E, conhecendo a escrita de Houck depois de seus vários livros na Saga dos Tigres... eu esperava encontrar uma narrativa envolvente. Mas não estava preparada para gostar tanto desses novos personagens – mas guarde isso para referências futuras, pois antes preciso comentar outra coisa.
Como sempre, antes de começar a ler um livro passo por sua página no Goodreads para ler um pouco o que as outras pessoas estão dizendo e me preparar para os desafios da leitura. No caso da história de Amon e Liliana não foi diferente, mas fiquei surpresa com a quantidade de comentários com notas baixas (ou eu vi apenas os que não gostaram, porque SOS). Enquanto eu entendo que muitas pessoas têm uma visão bastante forte sobre a escrita sobre culturas diferentes das de origem de um escritor, eu, pessoalmente, acho que sempre podemos tentar ver alguma coisa boa na história – até mesmo naquelas que não gostei de jeito nenhum – e mesmo com as possíveis ressalvas, contar sobre uma cultura que nem todos conhecem é bom para divulga-la (não estou dizendo que ninguém conhece as lendas egípcias, veja/leia bem). Fica aqui o meu estranhamento – e com o coração mais leve, posso te contar o que achei do livro.
Encontramos Liliana no museu, comentando sobre como a sua vida é aparentemente perfeita e, confesso, não comecei com uma boa impressão. Durante os primeiros capítulos Liliana parecia apenas mais uma protagonista que iria me irritar até a morte com seus pensamentos e autopiedade, mas aí apareceu Amon. Enquanto achava Liliana “observadora” demais (misturado com uma pitada de inveja pela vida alheia), Amon me deixou revoltada com sua atitude de “você vem comigo” e “vou fazer um encantamento aqui para usar os seus órgãos já que não tenho os meus, mas ó, não se preocupa não, só vou pegar toda a sua energia”. É claro, essas foram as primeiras impressões.
Com o passar das páginas, não tive como resistir e cai de amores por Amon – mesmo ele estando 50% do tempo fora do lugar, outros 45% do tempo arrastando Lily por aí e, bem, ser uma múmia –, as palavras que tem para sua Nehabet são tão bonitas... e irresistíveis. Aos poucos fui sendo conquistada por Amon e sua jovem Lily e me envolvendo com suas aventuras e discussões (que, acredite, acontecem mais vezes do que esperava). Falando nisso, Lily é mais corajosa do que pensava. Ela está completamente fora de seu ambiente e mesmo assim se preocupa com Amon e está disposta a dividir sua energia com ele.
Em O Despertar do Príncipe, Colleen não se preocupa muito em mostrar um romance (mas isso não quer dizer que não há, espere apenas um minuto que irei chegar lá), mas sim em retratar a jornada de uma pessoa sobrehumana que está debilitada por várias razões e precisa da ajuda de uma adolescente americana para acordar os irmãos e realizar uma cerimônia capaz de proteger o mundo por mais um milênio. A narrativa mistura em sua trama lendas egípcias e cria sua própria versão – eu não sou nenhuma perita em mitologia (não sou mesmo), mas realmente não vejo problema nenhum um falar de deuses e contar sua própria versão da história, para falar a verdade, acho bem legal. Na minha opinião, a escrita de Houck é sempre muito bem amarrada, com cenas bem descritas e lugares diferentes.
E o mais importante: Não tem um triângulo amoroso.
Isso mesmo. Não. Tem. Triângulo. Amoroso.
Uma coisa que me incomodou muito na Saga dos Tigres foi o triângulo amoroso entre Kelsey e os dois irmãos e você não imagina o alivio que senti quando percebi que não teria nada disso aqui. Amon tem irmãos, sim, mas nenhum de seus dois irmãos estão interessados em Lily romanticamente falando – eles a protegem e ajudam [e curam], mas como irmãos. É um sopro refrescante. E já que estou falando em relacionamentos amorosos... O amor entre Amon e Lily é gradual. Acompanhamos os pensamentos de Lily, então sabemos que aos poucos ela vai percebendo que gosta de Amon não apenas por causa da ligação que há entre eles, mas porque ele é um deus do Egito lindo com cabelos maravilhosos e peitoral super definido com calor do sol e ainda brilha no escuro igual uma lanterna homem honrado e com um senso de dever enorme, além de se preocupar com o quanto ela come (e não no sentido de “você está gorda”, mas ao contrário). Tudo bem que é um pouco estressante ver o quanto Amon força para não se comprometer com Lily, mas, bem, nem mesmo os deuses são perfeitos.
Falando em perfeição, os dois irmãos do escolhido de Amon-Rá são muito interessantes. Asten e Ahmose possuem personalidades ótimas – e sinceramente espero poder ver mais deles no próximo volume. Enquanto Asten, o mais divertido dos três, possui o poder das estrelas, Ahmose, o mais forte, possui o da Lua e, somados aos poderes do sol de Amon, os três derrotam Seth milênio após milênio. Além deles, temos também o doutor Hassan, um senhor bondoso que tem um papel importante nos acontecimentos (que eu não posso te contar porque, bem, não quero te passar nenhum spoiler).
Colleen Houck traz uma história repleta de detalhes e personagens ótimos e merece que você perca algumas horas lendo suas linhas – porque você precisa desse livro, você não sabe que precisa dele até começar a ler, acredite em mim.
Eu estou querendo fazer essa resenha desde a Comic Con Experience do ano passado – mas precisava do livro para ler antes (hehehe). Mas vamos ao que interessa, ganhei Os Molambolengos há algum tempo (e se você me acompanha no snapchat deve ter visto os muitos segundos de felicidade por isso) e acabei deixando para fazer sua resenha depois que estivesse com tudo organizado na minha vida (o que, realmente, não vai acontecer nunca).
Os Molambolengos (que, por sinal, é um nome ótimo) é uma fábula escrita por Evangeline Lilly – sim, aquela moça bonita e super gentil que fez a Kate em Lost e a Tauriel em O Hobbit – e ilustrada por Johnny Fraser-Allen, que trabalhou em As Crônicas de Nárnia (clique aqui para ver o seu DeviantArt). O livro possui uma edição muito rica em detalhes: a capa é dura, com tratamento especial na ilustração da menina na capa e na foto da autora na contracapa.
Em suas linhas rimadas, acompanhamos Selma, uma mocinha mimada, durante sua visita ao espetáculo de uma banda de marionetes, os molambolengos – visita essa que tem uma reviravolta e culmina em uma lição de moral (que eu não vou te contar, para não estragar a história), como toda boa fábula deve terminar.
Eu, particularmente, gostei muito. A narrativa, mesmo sendo para crianças, não tem medo de ser sombria e estranha (e excêntrica também, o que me lembrou um pouco das versões originais dos contos de fada), nem de fazer te sorrir com características específicas de um comportamento errado (por exemplo, com Gilda Gananciosa, que é uma ladra). E com isso preciso falar dos personagens. Quando Selma entra na carroça dos molambolengos e o show começa, cada um deles aparece e sua breve história é contada, sempre de forma rimada. Do Papai Pedante a Marta Muda, todos eles possuem em seus nomes e características alguma coisa que nos dá uma pista do que pode acontecer no final (“Eles têm seus defeitos, Mas ninguém é perfeito,”) – e, é claro, tudo faz parte da atmosfera um pouco macabra do lugar.
Sempre que leio livros traduzidos fico me perguntando o quanto de trabalho a tradutora teve para ser “fiel” ao original e fazer sua versão do texto para o nosso idioma, no caso de Os Molambolengos sempre me pego pensando uma e outra vez que deve ter sido um pouco mais trabalhoso traduzir, fazer uma versão e coincidir as rimas – porque o resultado aqui foi muito bom!
Outro ponto que não posso deixar de comentar são as ilustrações. O traço de Johnny Fraser-Allen é muito bonito, as cores que ele usou complementaram a atmosfera que a autora criou em suas linhas e o efeito de páginas envelhecidas e aquareladas me deixou apaixonada – existem momentos em que abro o livro apenas para ficar olhando suas ilustrações.
Vou parar a resenha por aqui porque mesmo ainda tendo muita coisa para comentar, tenho a impressão de que se escrever mais, acabarei contando detalhes da história que podem tirar a diversão da leitura. Assim, me resta dizer que Os Molambolengos, com suas ilustrações, suas rimas, seu tom sombrio e aquela mistura de fantasia e realidade, envolve (e encanta) o leitor de todas as idades sem fazer muito esforço.
Sabe quem está de férias? Exatamente: essa pessoa que vos escreve – porque greve é uma coisa maravilhosa que desorganiza todo o calendário acadêmico. E por estar em férias eu quero dizer que terei uma semana para não fazer nada e assim conseguirei ler mais rápido os livros que tanto quero ler – por isso cá estamos nós, com a resenha do primeiro livro da série Imortais.
Alguma coisa me atrai muito nas histórias com vampiros (e mais recentemente, com lobisomens), por isso Desejo Insaciável entrou na minha lista de próximas leituras na mesma época em que comentei sobre ele por aqui – e também foi por isso que li essa história de forma tão rápida (e preciso te contar que ela me deixou muito dividida em noventa por cento do tempo). Mas vamos ao que interessa.
Kresley Cole nos traz a história de Lachlain, um Lykae (lobisomem) que sofreu por pelo menos quinze décadas no calabouço da Horda dos vampiros e que reuniu forças para escapar de toda a tortura de seus inimigos por ter sentido o cheiro da mulher que o destino escolheu para ser sua parceira – uma mulher que ele espera há mais de mil anos –, e Emmaline, uma moça tímida, com medo de viver, meio vampira e meio Valquíria, que cruzou o oceano para tentar encontrar pistas sobre seus pais em Paris. Eles são um casal improvável, mas os dois juntos se completam de forma perfeita.
Essa seria apenas mais uma história sobre pessoas completamente opostas que se encontram, se apaixonam e vivem felizes para sempre se não existessem alguns detalhes muito importantes nessa trama – como o pano de fundo/contexto e os personagens. Sendo assim, comecemos com Lachlain.
Esse Lykae tinha tudo para ser um personagem ótimo – porque incrível ele é –, mas alguns pontos de sua personalidade foram um problema para mim durante a leitura. Lachlain MacRieve é forte, bonito, experiente e claramente um homem que chama a atenção do público feminino – na história, quando não estava irritada com ele, estava encantada por ele. Meu problema com Lachlain tem dois pontos principais: o seu temperamento e a forma como ele “conhece” e trata Emma. Eu consigo entender o desespero do personagem – e seu temperamento, que é consequência do desespero (que não vou explicar senão perde toda a graça da narrativa) –, mas não consigo ficar bem com a grosseria com que ele trata sua parceira até pelo menos metade do livro. Tive vontade de entrar nas páginas e estapear o lobisomem sem me importar com nada mais todas as vezes que ele fala para Emma que não vai deixar que ela volte para casa (e aqui já falei demais, me desculpe pelo spoiler). Ele tem uma imagem totalmente errada de Emmaline e por isso não é nada delicado com ela, mesmo tentando protegê-la a todo custo – e quando finalmente percebe seu erro... para Emma é difícil acompanhar a mudança... o que me leva a falar dessa personagem.
Emmaline Troy é uma linda jovem híbrida em sua primeira viagem sozinha e distante do coven de suas tias Valquírias. Emma tem receio de tudo – por razões óbvias, ela tem medo do sol, dos vampiros, dos Lykaes – e se acha fraca e fora do lugar. Tudo o que ela precisa é de tempo – um tempo de qualidade – para se descobrir. Emma ainda é muito nova e precisa de experiência, afinal o que são setenta anos perto da eternidade de uma imortal? Gosto muito da forma como a autora descreve a aparência física de Emma – ela tem o balanço perfeito entre uma vampira e uma Valquíria (e falando sério, quem não gostaria de ter um pouquinho das Valquírias em seu DNA? eu gostaria muito), o que faz com que ela seja linda e fatal. Não quero escrever nenhum spoiler, mas preciso te contar que depois de tudo o que acontece – em menos de uma semana, vale ressaltar –, Emmaline evolui e amadurece muito: ela descobre quem é, qual é o seu destino e qual é a sua força. E descobre também onde está a sua voz – e nunca mais se cala.
A relação entre Emma e Lachlain começa da forma errada, mas ninguém pode negar que existem faíscas quando os dois estão juntos e aos poucos, quando um começa a entender e conhecer o outro de verdade, até mesmo eu (que estava cética quanto ao final dos dois) comecei a gostar da interação e do relacionamento deles. Principalmente porque o Lykae realmente se preocupa com Emma e passa a amá-la da forma como ela é e esse cuidado e apreço fazem com que ela se fortaleça e consiga fazer o que deve ser feito – como eu disse em algum parágrafo ali em cima, eles se completam.
Entre os dois, Emmaline é, sem sombra de dúvidas, minha personagem preferida, mas suas tias Annika, Nix, Regin, Myst e Lucia são personagens ótimas – passei a trama toda desejando ser uma Valquíria com habilidades especiais como elas. Para falar a verdade, todos os personagens secundários possuem uma razão para estarem ali – até mesmo a amiga antiga de Lachlain, Cassandra, que mais causa alvoroço do que calmaria – e são bem construídos. aproveitando o gancho, de todos os personagens que foram apresentados do lado Lykae da história, o demônio Harmann é o mais legal: apesar de aparecer em poucas cenas, Manny conquista o leitor em uma cena pontual na metade para o final do livro (e você vai precisar ler o livro para descobrir qual é).
Cole é formada em Letras (o curso lindo e maravilhoso que essa resenhista que vos escreve faz) e por isso sabe muito bem como envolver seu leitor – eu não desgrudei do livro enquanto não virei sua última página – e como construir histórias e contextos bem amarrados. Suas cenas quentes são na medida certa e não aparecem sem contexto, elas estão ali porque precisam estar e fazem parte da narrativa, os detalhes não são exagerados e tudo é muito bem encaixadinho. A linguagem é simples e fluída, o ritmo é constante e a caracterização mais do que convincente – vou soltar um spoiler aqui, que não vai estragar a trama, quero ser uma Valquíria como a Helena de Troia.
Mesmo me deixando dividida entre a irritação completa por causa de Lachlain e o encantamento abrasador também por causa de Lachlain, considero Desejo Insaciável um bom começo de série – o contexto geral da trama da série é apresentado, os diversos grupos de seres imortais são colocados no tabuleiro, o Acesso é explicado, alguns inimigos são revelados e conseguimos ter uma ideia de quais casais veremos nos próximos volumes. Depois de superar meu problema de irritação com Lachlain, gostei de acompanhar o desenrolar dessa história de amor, é um primeiro livro muito envolvente.
Desejo Insaciável é uma ótima leitura para quem gosta de seres sobrenaturais, paixões abrasadoras, cenas quentes e conflitos. Sua trama é bem amarrada, seus personagens são seres místicos que por si só já chamam a atenção e sua leitura é muito agradável.
Ah! Antes de terminar, preciso dizer que a edição que a editora Valentina fez ficou incrível. O título do livro tem relevo na capa, o papel é o pólen-maravilhoso-dono-do-meu-coração e cada início de capítulo possui um diferencial estético (como você pode ver na foto acima) – e você sabe que também são nesses detalhes que a obra ganha o coração de um leitor.
Então vamos lá. Ônix começa com uma cena que a autora nos acostumou a encontrar nessa história: Daemon cutucando as coisas de Katy com uma caneta durante a aula (e eu confesso que os diálogos nessas cenas são sempre uns dos meus preferidos). Pouco tempo se passou desde que deixamos esses personagens no livro anterior e as coisas não estão melhores do que estavam naquele momento. Ou talvez elas estejam melhores mas de uma forma que os personagens ainda não saibam.
De forma geral, gostei bastande dessa sequência. Jennifer Armentrout sabe como conduzir uma história de forma maravilhosa e não me decepcionou nisso ao explorar outras facetas dos personagens, acrescentar mais detalhes e expandir ainda mais esse universo já bem complexo. Não esperava nenhum dos acontecimentos que ela trouxe (na verdade, esperava mais cenas com Daemon e Kitty Kat, aliás, senti falta das cenas em que eles ficavam se irritando), e o rumo da trama foi em uma direção incrível e cheia de possibilidades.
“Você é o do tamanho de uma daquelas bonequinhas fofoletes” - Daemon para Kat
Algumas coisas, no entanto, me deixaram inquieta. A primeira delas foi o personagem novo, Blake Saunders. Desde sua primeira aparição eu sabia (tinha certeza) de que ele iria causar problema – qualquer tipo de problema, eu estava esperando quase tudo, menos o que ele faz. Além de atrapalhar os progressos de Daemon para convencer Kat de que seu amor é sim de verdade, Blake escondeu muitas informações que teriam feito toda a diferença se nossa mocinha soubesse antes (e se ela não fosse tão teimosa também). E aí vamos ao meu próximo item da lista.
Katy. Não sei o que aconteceu com ela nesse volume, não sei. Sua personalidade ainda é a mesma, mas seu brilho não. Em vários momentos encontrei a personagem que tanto me conquistou em Obsidiana eclipsada por uma versão insegura quanto a si mesma e quanto a uma das poucas pessoas em quem ela pode realmente confiar. Entendo sua dúvida quanto a mudança repentina na atitude de Daemon, mas depois do que aconteceu no final do primeiro livro ela deveria saber que esse alien não mentiria numa questão como essa. É claro que isso não me fez gostar menos dela – até porque essa blogueira ainda é uma bookaholic enlouquecida como nós e faz ótimos comentários sobre as tramas dos livros que tenta ler. Mas durante toda a trama tive a impressão de que ela queria provar a si mesma e aos outros que era forte e acabou fazendo uma série de escolhas ruins – incluindo Blake e ao afastamento de Dee. O que me leva ao próximo item,
Por que, de toda as coisas que poderiam ter acontecido, as cenas com a Dee tinham que diminuir? [insira um emoji sofrendo aqui] E é isso, vou deixar essa pergunta aqui e seguir em frente.
“As palavras eram a mais poderosa das ferramentas. Simples e muitas vezes subestimadas. Elas podiam curar. Ou destruir.”
Mas um livro não é feito apenas de inquietações. Por isso temos Daemon. Todas as cenas desse personagem são muito preciosas. Sério. Mas sem momento fangirl agora: o desenvolvimento e amadurecimento dele é visível já nas prímeiras páginas da narrativa, ainda que seu humor continue (e ainda bem que continua com tudo o que pode), é possível perceber que ele verdadeiramente se preocupa com a Katy de um forma nova – o “me preocupo porque você é amiga da minha irmã” ficou para trás. Aliás, ele continua lendo o blog da Kat – “Vocês, bookaholics, adoram uma amostra, certo?” ❤ Daemon, migo, adoro uma amostra! – e está cada vez mais determinado.
Antes de acabar essa resenha, preciso falar sobre o Departamento de Defesa. Não posso contar muito senão poderia estragar o enredo, mas tudo o que vou te contar é: eu não imaginava. Tinha uma leve suspeita de que as pessoas do governo não estavam tão no escuro quanto os Luxen pensavam, mas Armentrout levou a minha suposição para outro nível. Eu queria contar muito mais sobre a trama de Ônix, mas como este é o segundo volume da saga Lux, vou me segurar um pouco mais e começar a escrever mais detalhes sobre a trama no próximo volume, porque, acredite em mim, as coisas estão prestes a mudar ainda mais e de formas irreversíveis.
Ainda gosto muito dessa saga e de seus personagens, a trama continua a envolver – mesmo com os poréns necessário – e cada reviravolta e descoberta te pega de surpresa de um jeito que tudo o que você conseguirá fazer é ler. E ler. E ler mais um pouco. Tenho um sentimento de que no próximo volume voltaremos a ter uma Katy mais do que incrível e de que todos os personagens novos que apareceram vão mostrar ainda mais de seus segredos. Afinal, temos mais do que Luxen lá fora – e, apesar de assustador, isso nunca foi tão empolgante quanto agora.
Sabe aquele tipo de livro que passa a história inteira te tentando e te deixa morrendo de vontade de acabar com o estoque de uma confeitaria? Pois é, a trama de Donna Kauffman é esse tipo de livro.
Levei Delícia, Delícia para ler durante a viagem da minha cidade até São Paulo quando fui no Anime Friends há algumas semanas (o tempo passa muito rápido!), mas acabei dormindo durante a viagem ao invés de ler (aconteceu a mesma coisa na volta, fazer o quê?). Mas quando peguei para ler de verdade, me diverti muito!
Na trama, acompanhamos Leilani, uma confeiteira mais do que talentosa que se mudou de Nova York para a pequena Ilha de Sugarberry, em seu recomeço – que estava indo muito bem, obrigada, até que seu antigo chefe, Baxter, resolve levar seu programa de culinária para a recém-inaugurada confeitaria dela. E é claro que aquela paixão que Lani jurava para si mesma que havia ficado no passado, faz com que a moça não saiba como agir e pensar (para proteger seu coração) com as investidas um tanto quanto apaixonadas do chef.
O livro é contado tanto pela visão de Leilani quanto pela de Baxter, com capítluos intercalados entre os dois – o que é muito bom pois um ponto de vista completa o outro, deixando o leitor a par dos sentimentos reias desses dois personagens enquanto a narrativa avança e as coisas acontecem. É bonitinho ver Baxter todo empenhado em conseguir o que quer – e depois, todo triste consigo mesmo por não ter pensado direito em seus planos. A mesma coisa acontece com Lani, que se derrete todas as vezes em que está perto do Chef Hot Cakes e faz de tudo para se manter afastada.
Confesso que achei os primeiros capítulos um pouco parados – parados talvez não seja a melhor descrição porque estava acontecendo bastante coisa na história: Baxter tinha chegado, houve a introdução dos personagens e da situação... mas alguma coisa fez com que a leitura não rendesse tanto quanto eu gostaria, o que me desanimou um pouco. Mas lá pela página 70 eu comecei a me divertir mais com a narrativa (que realmente provou ser uma delicinha), “peguei no tranco”, me empolguei e li tudo em pouco tempo.
Gostei muito da forma com que a autora lidou com a história. Donna amarra os acontecimentos – e inclui detalhes que não me pegaram completamente de surpresa com o passar dos capítulos – de forma a criar não apenas a atmosfera de um romance cheio de tensão, mas de um contexto inteiro onde todas as peças (personagens principais e secundários) são extremamente importantes. A linguagem não tinha segredos e, por estarmos acompanhando tão de perto os personagens, é possível para o leitor se conectar com os sentimentos e reações que são mostrados. Particularmente gostei muito do tom sarcástico e até mesmo bravo de Lei-Lei (ela é uma personagem ó-ti-ma!) e me diverti bastante com os pensamentos dela sobre ser a Barbia Confeiteira Justiceira (a imagem mental foi maravilhosa) e com a forma como Baxter a chamava de querida.
Aliás, Baxter me deixou encantada. Mesmo no começo, quando a leitura não estava rendendo para mim, os capítulos em seu ponto de vista sempre me agradaram. Sua confusão por encontrar Lani com um comportamento diferente do que conhecia, seu charme e sua delicadeza... (suspiro) – e falar do charme de Baxter me faz falar de Alva, a senhorinha fofoqueira da pequena cidade com uma energia quase inesgotável e completamente encantada pelo Chef.
Alva é uma personagem preciosa. No ínicio pensei que ela seria apenas mais uma personagem secundária com a função de espalhar fofoca, mas com o passar da narrativa percebi que, além de ser muito fofa e divertida, esse senhorinha ajudaria Lani a pensar em certas coisas. Esse também é o caso de Charlotte, a melhor amiga da nossa protagonista. Charlotte é uma boa ouvinte e uma conselheira melhor ainda – além de ótima Chef também. De forma geral, todos os personagens secundários, melhor dizendo, todos os personagens têm uma função que é cumprida de forma mais do que satisfatória.
Também não posso deixar de comentar que os detalhes da diagramação são muito delicados: tanto as letras divertidas usadas nos capítulos (como você pode ver na foto lá em cima) quanto “o clube do cupcake” escrito nos topos das páginas ímpares são agrados a mais ao leitor.
Claramente esse livro serviu para me deixar morrendo de vontade de comer cupcakes (não é à toa que comi um daqueles chocolates Talento [aquele de doce de leite, sabe?] sozinha enquanto escrevia essa resenha) – além de ficar morrendo de vontade de encontrar em Chef desses, é claro –, e também para me dar um refresco de histórias cheias de drama. Delícia, Delícia é, literalmente, uma delícia de ler.
Esse provavelmente é o livro que eu li mais rápido nesse ano – possivelmente porque é uma história em quadrinhos e porque sua narrativa sempre recheada de ação e mistério.
A Garota do Cemitério traz a história de Calexa Rose Dunhill, uma jovem que acorda um dia no cemitério sem se lembrar do porquê de estar ali ou, o que é mais importante, quem é. Dias se transformam em semanas e semanas em meses e Calexa, mesmo sem recuperar a memória, consegue sobreviver escondida no cemitério enquanto espera ou suas memórias voltarem ou um sinal de que alguém a está procurando. Mas é claro que o que já é complicado pode ficar ainda mais perigoso.
A narrativa de Charlaine Harris e Christopher Golden começa com ação e mistério, as questões de identidade de Calexa são o foco principal da narrativa, como era o esperado desde a leitura da sinopse. Por ser o primeiro volume da série também era esperado que houvesse mais mistérios e perguntas do que respostas. Afinal, esse é o papel dos primeiros volumes: apresentar a história, os personagens e despejar um balde de complicações para serem resolvidas no que vier a seguir. Sendo assim, Os Impostores cumpre seu papel e traz uma história secundária que ajuda a personagem principal a começar a se localizar como pessoa – o que me leva a contar sobre essa “segunda história”.
Enquanto acompanhamos Calexa sobrevivendo da forma que pode no cemitério (e um pouco fora dele), vemos um grupo de amigos tentando realizar um ritual bizarro (ao melhor estilo de Supernatural em seus dias menos conturbados) que não dá certo. São as ações dos integrantes desse grupo que trazem consequências inesperadas para Calexa – e eu não contarei aqui o que acontece poruqe quero que você leia a história, é claro. A partir dessas consequências ela acaba encontrando ainda mais força de vontade e seu instinto de sobrevivência chega ao seu pico.
O estilo da narrativa é um pouco diferente do que eu estava acostumada nas tramas da Charlaine, o que era mais do que esperado porque um romance é completamente diferente de uma história em quadrinhos, e por isso o ritmo também é essencial para que o leitor não perca o interesse. Assim, a parceria entre Harris e Golden deu muito certo: grande parte da narrativa são os pensamentos de Calexa e por estarem na medida certa, no tom certo, nos deixam ligados ao suspense e à preocupação da personagem. E é justamente essa característica o que eu gosto nessa história em quadrinho: os autores conseguem fazer com que nos solidarizemos com a personagem principal desde o início.
Com progressão narrativa bem construída, cenas recheadas de ação e momentos com personagens gentis e bondosos (e, por que não (?), inspiradores), Harris e Golden provam que sua parceria criativa dá mais do que certo.
Também não posso deixar de comentar sobre as ilustrações. O traço de Don Kramer é muito limpo e realista. Seu estilo de desenho combina muito com o estilo da narrativa – e vale lembrar que Kramer possui grande experiência com graphic novel e HQs. E já que estou falando da parte bonita desse volume, a editora Valentina está de parabéns com a qualidade das folhas (como você pode imaginar, eu gosto muito do cheiro das páginas novas de um livro) e da impressão.
Os Impostores abre caminho para uma centena de acontecimentos na vida de Calexa e para seus leitores. Para quem conhece a escrita da Charlaine esst é uma experiência nova e divertida. Para quem está chegando agora, venha sem medo e se deixe envolver pelos mistérios do passado dessa jovem mulher de fibra e força de vontade.
Eu enrolei um tempo gigantesco para ler esse livro por uma razão bem boba: já conhecia a fanfic (li há muito tempo) e apesar de ter me divertido muito na época em que li, fiquei com receio de ler sua versão para publicação – não é nem a primeira nem a última vez que sentirei isso porque várias fanfics que já li foram/estão sendo/serão publicadas. Mas no final, me diverti muito durante a leitura.
A história de Malícias & Delícias não chega a ser clichê, mas possui a fórmula que conhecemos há bastante tempo e que sempre vai funcionar: uma mocinha cheia de ideias e vontade, um mocinho que é um sonho. E, é claro, conversas cômicas e situações engraçadas permeiam toda a narrativa, de modo que a leitura passa rapidamente sem que percebamos.
Tara Sivec criou personagens sem filtros, principalmente as personagens femininas, que, ainda bem, não têm medo de falar o que pensam. Sua trama gira em torno de Claire, uma mulher que não queria ter filhos, mas que por conta do destino (ou de outra coisa qualquer), acaba mãe de um menino maravilhoso, Gavin. Como não poderia deixar de ser, Claire não consegue encontrar o pai de seu babê – mas cinco anos depois... eis que nosso galã aparece. O pai do menino, Carter, aparece na cidade e ela descobre que ele também está tentando encontrá-la nos últimos cinco anos. A partir daí eles tentam se entender e viver a paixão que ficou adormecida por um longo tempo.
Entre toda a hilariedade, a história também guarda muito romance, daqueles que derretem o nosso coração, e uma paixão intensa que nos aquece. Provavelmente é isso o que nos agarra tão forte: a história possui um pouco de tudo, desde cenas quentes e engraçadas até cenas derretedoras de coração de tanta fofura.
Ah, há um detalhe importante que você deve saber: este é provavelmente o livro em que mais aparecem menções diretas a “vagina” e “pênis”. Sério, acho que nunca li tanto essas palavras – oque vai de encontro com o tom do livro, é claro. Essa história não possui nada de sutil ou delicado quanto ao linguajar. Mas funciona incrivelmente bem em seu contexto.
Os personagens foram ótimos. Eles te cativam e te deixam histérica, o enredo é divertido, o estilo de escrita é espirituoso e não tem medo de chocar um leitor desavisado. Algumas pessoas que conheço diriam que esta é uma história despojada. Elas provavelmente estão certas.
No fim, eu não precisava ter receio da leitura porque todos os ingredientes que me fizeram gostar da fanfic foram mantidos – e eu diria, melhorados. Então se você adora doces e romances divertidos... fica a dica.
Para mais resenhas, acesse: www.vickydoretto.com
Então, aqui estamos nós mais uma vez com Katy e Daemon. Eu ainda não sei como sobrevivi a esse livro e seus acontecimentos, mas aqui estou eu, pronta (ou nem tanto) para comentar esse terceiro volume da saga Lux.
Demorei bastante para conseguir terminar de ler desta vez. Alguma coisa na narrativa me deixou travada durante todo o tempo e apesar de eu estar morrendo de saudade dos personagens, me peguei folheando e lendo outros livros com frequência maior do que o que costumo fazer. Mas isso não quer dizer que a história não está boa. Pelo contrário, acho que isso foi mais um instinto de não querer ver esses personagens sofrer do que qualquer outra coisa. Resumindo: eu não estava pronta para isso.
Acho que me apaixonei ainda mais por Daemon nesse volume. É muito visível o quanto ele ama Katy e o quão capaz ele é de lidar com o peso que está em seus ombros – mesmo quando está sendo um homem das cavernas super protetor ele é ótimo. Meu problema com a teimosia e insegurança da Katy passaram, graças à Deus. Ela teve um longo caminho até aqui e passou por coisa o suficiente para uma vida inteira. Não amei cada segundo de Dee (vou explicar isso no próximo parágrafo) e Matthew... não sei o que pensar dele ainda, mas até mesmo Andrew ganhou o seu cantinho no meu afeto. E é claro, Dawson. Dawson cresceu no meu afeto também, ele sem sombra de dúvida está entre os meus favoritos aqui.
Então... Dee. Ela não é mais a amiga animada de Katy. Completamente chateada pela morte de Adam, ela não se dá oportunidade para sentar e conversar e entender tudo o que aconteceu. Bem, Katy explica para ela o que aconteceu, mas não acho que Dee tenha lhe dado tanta atenção assim ou se importado, para ser honesta. Me pego pensando que se ela realmente se importasse com Katy, perceberia o quanto a machucou não lhe contar as coisas. Foi realmente triste assistir a amizade ruir. Senti muita falta da Dee que conhecemos em Obisidiana, senti falta da Dee que não iria ser idiota, da Dee que se importava com sua amiga e não desejava sua morte, da Dee que não faria coisas para desestabilizar o irmão. Era óbvio que a relação entre Dee e Katy não seria a mesma depois de Ônix, mas tenho esperanças de que em Origin as coisas se acertem – não tenho ideia de como isso possa ocorrer, mas...
Também sofri como uma condenada com a dor que há nessa história. É claro que eu não esperava que fosse tudo rosa e arco-íris para o meu atual par predileto porque descobrir (e fazer parte) de segredos ultrassecretos não é um passeio tranquilo. A linha entre certo e errado fica borrada em certo ponto do caminho e cada decisão que foi tomada poderia levá-los a derrocada. Ter paz pareceu um sonho distante desta vez.
Me surpreendi muito com o rumo da história e seus pequenos detalhes foram incrívelmente enriquecedores – seria spoiler se eu falasse que fazer da opala uma fonte de poder é muito bem pensado? Enfim, na bolsa das surpresas, também podemos colocar Blake e sua nova atitude além de irritante (eu passei mais tempo querendo que ele morresse [e pensando em formas criativas de fazê-lo morrer] do que torcendo por um cena fofinha entre Katy e Daemon), mas confesso que até fiquei com dor no coração por ele em alguns raros momentos. As coisas que uma história faz com um leitor.
Opala segue a linha de sua história sem falhas. Continuamos lidando com aliens, luz, poder, bom e mal... Muito mudou do primeiro volume, mas muito se manteve, incluindo a necessidade de se conseguir manter sua identidade escondida. Claramente os personagens amadureceram, cresceram e fizeram o romance crescer e melhorar também. A autora adicionou um balde de problemas novos que eu não tenho ideia de como serão resolvidos, mas tenho certeza que ainda teremos muito drama para lidar – e muito mais para aprender sobre aliens e seus poderes paranormais.
Tenho dúvida quanto a muitas coisas nessa história, mas não duvido por nem um segundo o quão boa Jennifer é com seus finais cliffhanger muito bem montados (e de parar o coração). Eu não sei como vou conseguir esperar pelo próximo volume, mas de uma coisa eu sei: se você não se apaixonou por Daemon até agora, não se preocupe, é nesse volume que a magia acontece de forma mais forte.
Em algum momento na caminhada dessa série, me vi perdida. Já em Só Tenho Olhos para Você alguma coisa estava me incomodando durante a leitura e em Se Você Fosse Minha esse incomodo ficou mais forte.
Dessa vez a história nos traz Zach e Heather, ele é o mecânico e corredor lindo de morrer e ela a treinadora de cães charmosa e com medo de amar. É claro que entre os dois explode uma atração sem limites – nenhuma novidade aí e nenhum problema também. Enquanto Zach inventou todas as maneiras possíveis de conseguir a garota que tirou seu sono, Heather fez de tudo para fugir. Essa fuga de Heather se torna meio cansativa durante a leitura. Todos sabem que ela quer – e fugir só adia mais o inevitável. Enquanto suas formas de fugir “meio que não fugindo” irritam um pouco, seu passado faz com que consigamos entender um pouco suas ações, medos e anseios. – E todo o amor e proteção de Zach são fascinantes – e toda a sua atitude mimada também.
Falando em Zach, o moço é o mais parecido com o falecido pai e também sente as mesmas dores de cabeça dele, por esse motivo, ele resolveu não ter nenhum relacionamento duradouro – o que muda drasticamente quando Heather aparece, é lógico. Ele já está dizendo “eu te amo” poucas semanas depois ficarem juntos (e esse é aquele momento “oh sim, isso é um romance, então as coisas devem ser rápidas”) e no seu melhor comportamento de garoto mimado – nada como um puxão de orelha da mãe para reverter isso, aliás.
No entanto, alguma coisa ficou de fora dessa vez. O arco que envolvia o pai de Heather não foi bem explorado e sumiu com a mesma velocidade em que apareceu na história. Toda a questão poderia ter rendido um bom capítulo e algumas reflexões úteis.
Ao usar o casal de cachorros como pano de fundo – e principal motivo para Zach e Heather passarem tanto tempo juntos – a autora conseguiu conquistar o carinho do leitor, porque a maior força de fofura da narrativa está nesse casal animal. De todos os livros dos Sullivan até agora, esse foi o mais fraco. A fórmula é a de sempre, mas nem esse é o problema. A questão talvez se resuma a falta de calor em Zach – apesar de ser um Sullivan, não mostra todo o furor com que estava acostumada nos livros anteriores –, que acaba ficando um personagem chato.
As cenas quentes foram ótimas, é claro. Bella Andre é magistral ao descrever todo o amor com que os irmãos Sullivan tratam seus amores, mas infelizmente isso não é o suficiente para segurar uma história.
Essa resenha tambéme stá disponível em http://aluanaminhajanela.blogspot.com.br/
Posso dizer com absoluta certeza que este segundo volume de Firebird foi tudo o que eu desejava que fosse – sempre tenho expectativas e medos para as continuações das séries, mas dessa vez tive uma boa dose de surpresa. E se na resenha do primeiro volume eu já havia avisado sobre os plot twists, agora você opde adicionar na mistura a montanha-russa de emoções.
Nós encontramos Marguerite, Theo e Paul lidando com as consequências do que aconteceu no primeiro livro. Theo está sofrendo com as repercussões da droga em seu corpo e Paul, sendo o personagem gentil que é, tenta encontrar uma cura para ele e acaba tendo sua alma dividida em quatro partes (alguém aí viu uma semelhança com as Horcrux?) dispersas pelas dimensões. E então temos o problema principal da trama: Marguerite precisa salvar Paul e ajudar Theo (e, obviamente, ser ajudada por ele também).
Neste volume, com tudo o que Marguerite e Theo passam, eu realmente comecei a vê-los como um ship interessante – ainda que o foco esteja em Marguerite lidando com o Paul real e o Paul que ela ama, e sua constante luta interna sobre ela e Paul estarem realmente destinados a ficar juntos (e as decisões que vêm disso). Este volume é tão emocional e movimentado com a questão multidimensional que eu ainda não acredito que sobrevivi a ele.
Um ponto que foi muito interessante para mim, particularmente, foi como há várias versões de cada personagem e como cada versão é tão diferente entre si, de acordo com o que cada uma delas viveu – e é claro que eu fiquei um pouco confusa às vezes, mas tudo foi uma questão de me acostumar e tentar lembrar qual versão é qual, principalmente com Theo e sua outra versão (mas isso não me impediu de fazer um ship com ele e Marguerite, claro).
Veja bem, eu gosto do Paul, ele é gentil, tem boas intenções, mas... eu sinceramente acho que Theo é mais devotado a Marguerite do que ele. Theo constantemente se sacrifica por ela, está sempre ao seu lado, a ama incondicionalmente, é divertido... Seu personagem passa por provações uma e outra vez e quebra o meu coração que Marguerite escolha Paul uma e outra vez (e eu sei como isso vai acabar). Mas vamos seguir em frente – até porque, a história de amor entre Paul e Marguerite é doce e até mesmo poética.
De modo geral, os personagens estão incríveis aqui. Até mesmo Marguerite ficou um pouco mais interessante – apesar de que seus momentos com altos níveis de tolice me irritaram bastante e seu constante discurso sobre como Paul é seu verdadeiro amor e como ama Theo apenas como um amigo foi um pouco massante e não levou nenhum dos personagens a lugar nenhum, apenas não deu fim ao triângulo amoroso de melhor forma.
A recorrência de plot twists fez com que o ritmo da narrativa não perdesse o passo. E, é claro, o cliffhanger no final foi arrebatador. Honestamente? Esse livro foi uma montanha-russa, toda vez que eu pensei que as coisas se acalmariam, aparecia uma reviravolta que ou complicava as coisas ou mostrava uma possibilidade diferente. Cada dimensão visitada aqui possuia sua própria beleza e ainda me espanta a qualidade das descrições de Claudia Gray.
Então, como eu disse no começo deste texto, Dez mil céus sobre você foi o que eu desejava desde o final do primeiro livro e ainda ultrapassou as expectativas (além de me deixar bem feliz que não foi uma continuação floppada). Estou bem feliz que criei coragem para ler o primeiro livro, porque senão eu não estaria aqui.
Ah! Você deve ter percebido que eu tenho tentado não contar muito a história dos livros nas resenhas, isso é de propósito para que eu não escreva nenhum spoiler e para que você possa aproveitar a história de forma completa quando for ler :)
*Um agradecimento especial para a HarperCollins Brasil por ter me enviado e exemplar que você vê nas fotos desta resenha <3
Originalmente em http://www.vickydoretto.com
Confesso que saber que a NC lançaria mais um livro da Jandy Nelson me deixou muito ansiosa (“Caramba, é a autora de O Céu está em todo lugar! Eu AMO esse livro! D:”) - o que desencadeou aquele ciclo já bem conhecido de ir procurar resenhas e posts no tumblr sobre ele como se não houvesse amanhã. O resultado dessa busca frenética foi que eu estava um pouco mais preparada para o que encontraria nesta história quando o livro chegou.
Mas preparada ou não, eu havia me esquecido de um ponto muito importante: se tem uma coisa que Jandy Nelson sabe fazer durante a narração de uma história, é envolver o leitor. Me peguei envolvida na história de uma forma tão grande que chegou a ser angustiante. Eu não conseguia parar de ler porque sempre precisava de mais, precisava saber o que viria a seguir. E no final, eu percebi que estava apaixonada pela história. (o que, sendo completamente honesta, é incrível)
Eu te darei o Sol trabalha com o ir e vir entre os irmãos Noah e Jude, são seus setimentos e suas formas de ver o mundo que nos pegam pela mão e nos conduzem através das páginas. É essa estrutura diferente - quando Noah está narrando, eles têm 13-14 anos e quando Jude narra há um salto de três anos, pois ela já está com 16 - que permite ao leitor ver o peso que certos acontecimentos têm na vida (tanto é que os dois passam de “super amigos” para quase estranhos, que mal conversam).
Com esse dois fios condutores, tanto a visão de Noah quanto a de Jude acabam se completando - tudo o que Jude impõe a si mesma como forma de punição e até mesmo a escrita de forma enigmática cheia de floreios imaginativos (ou nem tanto?) e as legendas das cenas como pinturas que acompanham a parte de Noah, são reflexos de suas personalidades, de acontecimentos e sentimentos que molda o quadro geral do “agora” ao final do livro.
Fiquei dividida em vários momentos e algumas coisas específicas me incomodaram um pouco (como as aparições de Oscar, a trsnformação do pai e a falta de conversa para colocar os pintos nos is - nos pouparia muito drama se um personagem apenas aparecesse para conversar com outro em momentos de tensão e clareasse o ar), mas de forma geral, o romance ganhou meu coração. E me fez chorar [não que isso seja uma grande novidade].
Nelson escreve de forma envolvente, trabalhando cada personagem e cada linha de forma que tudo na trama funcione. E funciona. O texto é bastante expressivo, cercado de nuances como uma pintura mesmo. Todas as descrições, metáforas e cenas se encaixam na temática de quebra e reconstrução - de tudo: relacionamentos, família, arte, vida. É um romance incrivelmente trabalhado, bem escrito e bonito. Eu não tenho palavras para tudo o que gostaria de escrever sobre ele, mas essa resenha deverá bastar por enquanto.
Se tem uma coisa que (já há algum tempo) eu gosto de encontrar em livros adolescentes, é o ponto de vista dos garotos – é bom não ficarmos presos nas visões femininas dos acontecimentos às vezes para variar. Então, quando vi que Davi teria a chance de ter sua voz ouvida (ou no caso, lida) em um livro só seu, soube que devoraria esta história.
Antes de mais nada, já vou te avisar que esta resenha é completamente spoiler free. No final do livro a autora nos faz um pedido para não soltarmos spoilers e estragarmos as surpresas que essa trama traz, e como não se nega um pedido tão importante como esse... vamos lá.
Nós já conhecíamos Davi desde Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática – para quem não lembra, ele é o melhor amigo da Tetê e também irmão do Dudu, namorado fofo dela. Assim, em Confissões de um garoto tímido, nerd e (ligeiramente) apaixonado, voltamos a nos encontrar com os personagens queridos da primeira história e também conhecemos novos, como Milena e Gonçalo.
Davi é um adolescente muito tímido que, como ama o tema, começou a fazer um curso de astrologia (e o legal disso é que o livro é recheado de análises sobre os signos – no mesmo molde das receitas que apareciam durante a história da Tetê). É nesse curso que ele conhece a Milena e começa a se envolver com ela e, a partir daí, começa também a realmente se encontrar e se entender. Com olhos bastante abertos, nós o acompanhamos em suas reflexões sobre si mesmo e sobre a vida, acompanhamos o seu crescimento e as reviravoltas em sua história de amor.
Como sempre, a escrita da Thalita é uma delícia de ler. Dessa vez a autora conseguiu organizar a história de uma forma que cada nova informação que a trama trazia era inesperada. Esta é uma história sensível e uma jornada pessoal realmente importante – e é tudo isso de forma leve e bem-humorada, como os outros títulos da autora.
Inesperado também foi ver como o Davi precisou estar em uma corda bamba para lidar com os estremecimentos do relacionamento entre Tetê e Dudu – nossa garota dramática descobre que seu namorado reatou a amizade com a ex-namorada e não lida muito bem com isso. Além de acabar se envolvendo nas questões do casal, Davi precisa lidar com várias “novidades” neste livro – incluindo o término do namoro de um outro personagem e o desenvolvimento de consciência de algumas figurinhas carimbadas.
É difícil chamar um personagem de secundário aqui, mas não há como todos serem protagonistas, assim, os personagens secundários (Zeca, Caio, Milena, Gonçalo, Sam) refletem todos os tipos de pessoas que encontramos na escola. Desde o que surpreendentemente nos decepcionam até os que nos surpreendem muito, mas da melhor forma possível.
A história de Davi toca em temas importantes, como a amizade e a prisão que os rótulos impõem. É uma leitura muito agradável, que fala de questões da vida real (não só dos adolescentes) e que incentiva a busca pela felicidade e pelo autoconhecimento. O leitor se conecta com os personagens, entende seus anseios e medos e, ao final, pode fechar o livro com uma nova visão de si mesmo.
Hoje vou começar a resenha contando que fazia um bom tempo desde a última vez que li uma antologia de contos – mais precisamente, fazia algum tempo desde a última vez que li uma antologia de contos nacionais –, e por isso fiquei bastante contente quando surgiu a oportunidade de ler Prelúdio do Ocaso.
Prelúdio do Ocaso reune dez contos (A Queda de Lenora Endriel, Em nome do Pai, Pena de Fênix, O Beijo Prometido, O Dia da Convenção, Prelúdio do Ocaso - que dá nome à antologia -, Paladino, A Princesa Dragão, A Nova Vizinha e Mesmo que Custe sua Alma) dentro do universo fantástico criado pelo autor Fabio Baptista. Assim, encontramos elfos, orcs, goblins, trolls, ninfas, fênix, bruxas... e todos aqueles seres fantásticos que tanto gostamos de esbarrar vez ou outra pelas histórias da vida. Cada conto possui no máximo vinte páginas – o que faz com que as histórias se desenvolvam de forma rápida e concisa, sem deixar a experiência desgastante para o leitor.
Como eu não quero escrever nenhum spoiler sobre os contos aqui, tudo o que vou falar sobre suas histórias é: de forma geral, todas elas contam sobre alguma mudança – os personagens enfrentam situações que os transformam para sempre, mas se isso é bom ou ruim... não irei contar (você vai precisar ler para descobrir).
O interessante de se ler uma antologia é que temos a oportunidade de encontrar vários mundos dentro de um mesmo tema, sem precisarmos procurar vários livros. Dessas dez histórias, provavelmente a que mais gostei foi A Princesa Dragão – sua narrativa não trouxe tantas surpresas quanto a de A Queda de Lenora Endriel, nem me emocionou tanto quanto Prelúdio do Ocaso, mas sua narrativa me agradou muito e me entreteu bastante.
Também achei interessante a escolha dos nomes dos personagens – alguns bem diferentes como Sliäx – e o fato de termos tantos seres diferentes em cada conto. Por serem contos fantásticos, esperava sempre encontrar mais ou menos a mesma coisa em todas as histórias, mas isso não aconteceu – e foi uma boa surpresa. Cada história foi situada em um tempo e espaço diferente, com situações diferentes e problemas diferentes e essa variedade foi um dos fatores que mais me agradaram. Outro ponto positivo é o fato de as histórias terem sido construídas com mais diálogos do que descrições (por serem contos curtos, isso é o ideal) – realmente são narrativas rápidas que passam a sua mensagem sem enrolações e trazem diálogos que contribuem para a construção das tramas. A linguagem utilizada pelo autor não possui segredos e ele conseguiu finalizar cada conto de forma pontual.
Se você gosta de contos ou está pensando em se aventurar nessas narrativas mais curtas do que os romances, indico Prelúdio do Ocaso por trazer um conjunto de histórias interessantes e que fogem do que comumente encontramos por aí.
Sabe aquelas histórias que te marcam daquela maneira forte e sem avisar e que depois de ler você precisa de um tempo para pensar e finalmente poder falar para o mundo sobre? Para mim, a história de Julie Murphy foi assim. Terminei de ler Dumplin' há pouco mais de duas semanas, mas só me senti pronta para falar sobre esta trama agora.
Dumplin' traz a história de Will, uma garota cheia de curvas, de vida e atitude que mora numa cidadezinha pequena que sedia o mais antigo concurso de beleza do Texas. Depois da morte de sua adorada tia, Will irá honrar sua memória e participar do concurso de beleza (que por acaso, tem sua mãe no quadro de vencedoras/participantes antigas e na organização). Este é o fio condutor da trama e eu poderia passar parágrafos e mais parágrafos nesta resenha te contando nos mínimos detalhes esta história, mas para isso existe a sinopse, não é mesmo? (E para conhecer os detalhes você deve ler o livro, claro.) Então hoje eu vou te contar o que faz de Dumplin' uma história tão importante – e não só porque sua protagonista é plus size, mas porque ela tem amor próprio e confiança.
Sendo assim, vou bater nesta tecla: Dumplin' traz uma mensagem poderosa para nos amarmos como somos. Will é gorda sim e para ela isso não é o fim do mundo – ela lida muito bem com os olhares dos outros, se ama do jeito que é e [geralmente] não liga para a opinião alheia. Esta é, provavelmente, a personagem que mais quebrou estereótipos neste ano (dentre os livros que li, obviamente) porque passa esse ensinamento de aprender a se amar e a não julgar o corpo dos outros. Todo o clima da narrativa é muito body-positive e isso é realmente legal.
Um outro ponto que realmente me agradou durante a leitura foi o tratamento que Murphy deu para as amizades e dinâmicas familiares retratadas – foram essas dinâmicas que claramente influenciaram a formação dessa personalidade empoderada que encontramos em Will. Os outros temas abordados (como o relacionamento entre a mãe esbelta e seu passado com seus dias de glória e sua filha gorda, ou o relaciomento entre duas moças que são opostas, ou o relacionamento entre uma menina e um menino vindos de “mundos” diferentes...) se desenvolveram sempre de forma bastante positiva para os personagens – o que muito me espantou porque esperava que o foco ficasse cem por cento no concurso, mas realmente o concurso foi um ponto no meio de tantos outros que compuseram a parte dramática (e cômica?) da trama.
É claro que nem tudo são rosas e eu demorei um pouco para ficar convencida da relação dela com seu par romântico, Bo. Me pareceu que Bo estava ali apenas para provar aos leitores que garotas como Will possuem sim relacionamentos felizes e normais e senti falta de um pouco mais de tempero nas cenas entre eles – aquela química toda que me arrepia em outros casais estava bem fraca aqui porque talvez tenha faltado um pouco mais de desenvolvimento e aprofundamento na relação dos dois. Entretanto, passados alguns dias desde que finalizei a leitura, tentei imaginar esta história sem Bo e não consegui, porque ele também é uma peça essencial em todo o desenrolar dos acontecimentos, ainda que nem todos os acontecimentos o envolvam efetivamente.
Outra coisa que me incomodou um pouco foi a atitude de Will. Ela é o foco de seu próprio mundo (e não estou dizendo que isso é ruim), mas por causa disso perde tantas outras coisas! Por exemplo, a grande briga (que ocorreu por razões egoístas, claro) com sua melhor amiga poderia ter sido evitada ou todos os problemas com o garoto que ela amava poderiam ter sido evitados e muitas cenas poderiam ser diferentes. Mas obviamente Will é uma adolescente e vai sim cometer muitos erros e fazer uma grande bagunça – afinal, isso faz parte de crescer e encontrar seu caminho.
Julie Murphy cruou uma história bastante realista e com um final um tanto inesperado, com um gosto agridoce e de aquecer o coração (possivelmente também romanticamente falando). Eu esperava mais do último capítulo e quando terminei o livro fiquei com a sensação de que faltava alguma coisa na história – é isso o que finais abertos fazem comigo. Ainda assim me parece, agora, que paramos de acompanhar Will em um momento oportuno, ficamos marcados com seu caminho até o ponto em que paramos e não com o final – lembra da música da Miley? O importante é a escalada.
Achei a escrita bastante focada em detalhes, o que fez com que a leitura fosse realmente devagar – o que combinou completamente com o ritmo do livro (que foi em passos pequenos, cada um a seu tempo). Geralmente não me sinto tão inclinada a ler histórias assim, mas esse caminhar lentamente ao mesmo tempo que atrapalhou no meu ritmo de leitura (porque tendo a perder o foco e precisar voltar páginas frequentemente), funcionou para Will e seus amigos – tivemos tempo para entender o lugar em que eles vivem e as pessoas que compõem a cidade.
Enfim, Dumplin' é uma história para ser guardada no coração e compartilhada com outras pessoas. Me pareceu feita para alcançar todos aqueles que alguma vez se sentiram inseguros ou frustrados consigo mesmos – pela forma como seu corpo é, pela forma como fala ou age ou por como seu cabelo é isso ou aquilo, em resumo, todas aquelas dúvidas que chegam via pressão social. É uma história que reaviva aquela confiança que devemos sentir sempre e nos faz chegar a conclusão de que não somos feitos das imposições e rótulos que a sociedade nos dá – a vida é mais do que rótulos de magra, baixa, gorda, alta e etc. etc. etc., a vida é feita de todas as experiências e sorrisos e valores e amores. (de repente me senti super entendida em autoajuda agora, desculpa)
Ah! Obviamente não posso deixar de falar de Dolly Parton! 😍 Suas músicas embalam toda a trama e Will me fez virar ainda mais fã dessa mulher maravilhosa com letras tão inteligentes e tocantes.
Começamos Originais descobrindo o que aconteceu com Katy depois do final de Opala, e deixe-me te dizer, descobrir onde e com quem ela está não ameniza as nossas preocupações..Como continuo tentando não deixar spoilers da história, não vou te contar onde ela está, o que ela faz lá e quem são as pessoas que estão “lhe fazendo companhia”, mas vou te contar que é bastante óbvio o amadurecimento da história e seu desenvolvimento – que temos acompanhado ao longo da série – chegou ao ponto alto neste volume.
Nesse lugar em que Katy é mantida, ela (e nós) descobre através de outros personagens que pouca coisa que aconteceu em sua vida desde que conheceu Daemon e os outros foi por acaso – Blake (lembra dele? o garoto irritante que desde o começo tinha “problema” escrito em sua testa) é um dos personagens que volta a aparecer e é responsável por várias das cenas que nos trazem informações importantes. Não surpreendente, Daemon logo se junta a Katy e os dois passam por mais experiências capazes de mudar suas vidas – e eu me sinto uma propagandista escrevendo isso na resenha, mas é a verdade –. Ao meu ver, a presença de Daemon ao lado de Katy a manteve lúcida – mesmo sendo forte, a personagem não teria lidado com tudo o que aconteceu com ela [antes do Daemon chegar lá] se estivesse sozinha.
Praticamente dois terços do livro são destinados aos desenvolvimentos necessários para sabermos, de verdade – acho que “de verdade” é um termo muito forte, talvez seja melhor usar “de foma mais profunda” –, algumas razões e desdobramentos que pudemos apenas imaginar anteriormente. É importante lembrar também que estes dois terços (na verdade, o livro inteiro) possuem não apenas passagens de Katy, mas de Daemon procurando por ela e posteriormente estando com ela e, finalmente, fugindo com ela, o que ajuda a deixar a trama bastante dinâmica. Aqui eu devo mencionar que o acréscimo de personagens novos, como Archer, que é um personagem ótimo e com bastante bagagem que me deixou extremamente feliz por ter sido encaixado na história de forma mais do que satisfatória, foi mais do que necessário pois são eles que fazem a história realmente “ir para frente” – uma vez que se ficássemos apenas com os que já conhecemos, não teríamos uma história tão rica.
Falando da história de forma mais focada, os desdobramentos encontrados aqui foram não só surpreendentes, mas bastante enriquecedores. Me pareceu bastante claro o cuidado que a autora teve com este volume. Temos nós bem construídos, respostas bem preparadas, personagens que voltam a aparecer, personagens que surgem, personagens que são esperados para o próximo capítulo – tudo converge, aqui, para termos uma boa experiência literária. Armentrout possui um ritmo de narrativa muito consistente e seu tom não se perde no meio das quase quatrocentas páginas que temos em mãos – as vozes de Katy e Daemon estão sempre afinadas nas mãos capazes de sua criadora.
Particularmente gosto muito da opção da autora em intercalar a visão da Katy com a do Daemon por duas razões: *primeiro: era extremamente necessário que nós, leitores, soubessemos o que estava acontecendo com Daemon enquanto Katy não estava com ele – para te contextualizar, Katy “some” depois que os dois e seus amigos tentam entrar num órgão do governo e as coisas não saem como o esperado –, já que sabemos pela sinopse que o personagem fará tudo [possível e impossível] para encontrá-la e salvá-la do governo; *segundo: nos livros anteriores ficamos muito tempo com a voz de Katy, por ela ser a personagem principal, e perdemos muita coisa acontecendo em paralelo (quem não gostaria de saber o que Daemon estava pensando lá no primeiro livro, na cena da cozinha? ~eu certamente quero saber e estou realmente radiante por saber que a autora fez outro livro com o que aconceu lá no começo sob o ponto de vista dele). Para mim funcionou extrememente bem esse ir e vir, o leitor pôde aprender muita coisa dos dois lados – possivelmente todos que já estavam caídos de amor por Daemon ficaram ainda mais apaixonados depois de acompanhar seus pensamentos e ações mais de perto (algumas cenas suas são tão doces que me estragaram para outros personagens). E isso me leva a falar sobre o desenvolvimento dos personagens.
Em algum momento nesta resenha mencionei que o amadurecimento da história é bastante óbvio. Essa é a mais pura verdade. A história cresceu e ficou mais adulta, mais séria, em reflexo ao desenvolvimento de seus personagens. Claramente Daemon, Katy e Dee são os personagens que conhecemos em Obsidiana, mas tudo pelo o que eles passaram os mudaram (Katy mudou de várias formas, aliás) e é extremamente interessante acompanhar essa evolução. Daemon ainda é o mesmo homem com olhares sugestivos, Katy ainda é uma apaixonada por livros, Dee ainda tem um espírito leve [etc. etc. etc.], mas Daemon teve seu senso de urgência ampliado, Katy amadureceu e passou de adolescente para adulta, Dee ganhou seriedade – todos eles mudaram, até mesmo Ash e Andrew. Aproveitando o gancho, foi com grande satisfação que observei [ou no caso, li] como Dee voltou a ser ela mesma neste volume e saiu do seu mundo de raiva e rancor.
É claro, antes de terminar não posso deixar de dedicar um parágrafo para Katy e Daemon como um casal. Como os dois personagens amadureceram como indivíduos, o relacionamento também amadureceu, ainda há aquele calor que me encantou no primeiro volume, mas é um calor constante. O sentimento entre eles foi aprofundado – suas cenas juntos (e não só as amorosas) são sempre muito boas, a química entre eles é explosiva e neste volume eles estão afinadíssimos – tão afinados que levam a relação para um novo nível (até tivemos cenas mais quentes!). Me pareceu que tudo ocorreu no tempo certo para eles, a paixão teve tempo de ser abrandada e aprofundada para amor, os traços que antes eram irritantes puderam ser entendidos e encarados de novas formas. Fiquei realmente contente com o desenrolar de seu relacionamento, a autora claramente soube como conduzir os dois e criar raízes de seu amor em nossos corações.
Obviamente estou mais do que ansiosa para colocar minhas mãos no capítulo final da aventura da minha blogueira preferida e seu alien amoroso (o que vai demorar um bom tempo), mas sinto que o que quer que Armentrout tenha escolhido como final para este casal e seus amigos [e familiares], será um caminho e tanto para chegarmos lá e valerá a pena. Se você ainda não começou a ler a saga Lux, eu altamente recomendo que você a adicione na sua lista de leituras deste ano que está começando.
“Só porque alguma coisa é diferente, não quer dizer que você simplesmente tenha o direito de jogar fora.” (p. 49) É com esse trecho (que se você parar para prestar atenção, perceberá que quer dizer muita coisa) que abro as portas da resenha desse livro que ainda não sei como contar o quanto me surpreendeu de uma forma muito boa.
Vou começar dizendo o que esperava dessa história: quando li a sinopse imaginei que teríamos mais uma garota curiosa que se encontra no meio de uma encrenca enorme e acaba por descobrir alguma coisa muito importante sobre o seu passado. Ou seja, espero por tramas que sejam ótimas para entreter, mas que não tenham nada de novo sob o sol – e geralmente espero que neste “nada novo” haja, no mínimo, um estilo de escrita bom, uma construção de personagens adequada ao mundo proposto e cenas capazes de prender a atenção.
O que encontramos aqui: uma história bem amarrada do início ao fim, com enigmas e surpresas nos lugares certos [e desenvolvimentos inesperados],.personagens bem pensados (ainda que poucos capazes de totalmente ganharem nosso coração) e construídos de forma que cada um tenha suas características bem marcadas e distintivas, uma personagem principal singular cheia de princípios (e pensamentos) e com o coração no lugar certo. Ou seja, temos um instigante começo de série, com a introdução de personagens, temáticas e problemáticas feita de forma mais do que satisfatória. agora vamos aos pontos específicos.
Confesso que demorei um pouco para me afeiçoar ao estilo de narrar de Beatty, principalmente porque suas cenas iniciais são cheias de descrições sobre a mansão Biltmore e seus moradores, mas conforme a história progrediu, suas linhas nos fazem ficar afeiçoados a Sera e Breaden, seu mais novo [e único?] amigo. Me pareceu que sua forma de contar a história vai ganhando força e encorpando conforme Sera vai criando coragem para fazer o que precisa e descobrir o que deve. E isso faz muito sentido porque Serafina é uma personagem ótima: ela pensa criticamente (como podemos ver na primeira linha desta resenha), ela questiona, ela pensa, ela encontra soluções, ela entende e então volta a questionar – e ela lê muito [principalmente como uma forma de conhecer o mundo, mas veja como há um papel importante para a leitura aqui]. Nada está gravado em pedra para essa menina de doze anos.
A trama possui um senso de amizade, amor familiar e apreciação pela individualidade de cada um que eu não esperava – e teve espaço suficiente para ação, drama e humor. Gostei muito da forma como o autor trabalhou a questão de “pertencer” a um lugar ou a alguma coisa, é um tema importante para a idade-alvo da história e perpassa toda a trama sem fazer escândalo, é tratado naturalmente. Ainda que o começo seja devagar, de forma geral é uma história adorável e de leitura fácil. Depois de certo ponto, voamos pelas páginas para descobrirmos tudo o que Beatty planejou para Sera. Ansiedade é uma coisa real nessa leitura. E então, quando a última linha é lida, fica aquele sentimento de felicidade e coração aquecido pela esperança do que pode vir para Sera, seu pai (que eu realmente não me comentei sobre, mas que vale falar que é um persoangem interessante) e seus amigos. São nas últimas linhas também que temos a impressão de que o narrador está falando as linhas finais de um filme épico, que te deixa com uma sensação boa.
O enredo de Serafina e a Capa Preta possui uma simplicidade cativante, a atmosfera de busca pelo Homem da Capa Preta (que me lembrou muito, em alguns aspectos, o Homem do Saco que os pais avisavam aos filhos para tomar cuidado) que permeia todas as páginas fez com que a trama fosse sinistra, encantadora, misteriosa, fascinante, um pouco estranha e de arrepiar (pelo menos os mais jovens, porque esta leitora que vos fala ficou mais ansiosa do que arrepiada) – e agora eu entendo totalmente porque me disseram para não ler na praia [hahaha ooooie, Carina!].
Serafina é o tipo de livro que eu gostaria de utilizar em sala de aula para despertar nos leitores mais novos um sentimento de que cada um tem seu “lugar no mundo”.
Eu me considero uma pessoa com sorte quando se trata de continuações de séries porque eu sua maioria as histórias que seguem os primeiros livros são tão boas quanto ou melhores ainda do que a história “introdutória”. Então continuo com as que já comecei. E, obviamente, ainda estou tentando fugir de séries novas, mas você e eu sabemos que isso não irá acontecer tão cedo Sendo assim, aqui estamos nós novamente com o segundo volume de uma série.
Imortais começou com a história de.Emma e Lachlain (e para saber mais sobre os dois, você pode ler a resenha aqui) e agora continuamos a mergulhar neste mundo repleto de lobisomens, vampiros, valquírias, bruxas, elfos e fadas com a história de Kaderin e Sebastian (ela uma valquíria, ele um vampiro). Irei pular todo aquele parágrafo [imenso] onde conto a história – que, em linhas gerais é mais um romance com uma mocinha não tão inclinada assim a ficar com o seu par predestinado – e ir direto para o que interessa: gostei mais de Prazeres Sombrios do que de Desejo Insaciável.
E a razão é muito simples, ainda que hajam diversos pontos irritantes nos personagens, o personagem masculino mais proeminente em Prazeres Sombrios não é nada como Lachlain, pelo contrário, ele é o que eu geralmente espero de um personagem que irá correr atrás de sua amada: alguém que a entenda. E por que digo isso? Vamos lá.
Para começo de conversa, em pelo menos noventa por cento do livro temos Kaderin sendo incrivelmente incrível, literalmente chutando as pessoas para fora do seu caminho, se chafurdando em autopiedade e culpa pela morte das irmãs (isso não é spoiler, não se preocupe) e competindo na Corrida do Talismã (que foi uma jogada muito boa de plot, mas vou falar sobre isso depois) por um motivo muito válido e contra pessoas que conhece e ~talvez~ nutre sentimentos [aka Sebastian]. Até aí, tudo bem. Mas a partir disso, o que geralmente encontramos nas tramas? Pares românticos tentando mudar nossas heroínas. E Bastian simplesmente não é assim.
Ele correu atrás de Kaderin? Obviamente. Ele caçou a moça até o fim do mundo? Lógico. Ele perseguir e encontrou? Exatamente como o esperado. Entretanto... Bastian descobre durante a Corrida que ele não poderia nunca, jamais controlar, amarrar ou dominar sua amada porque assim ela nunca poderia am-alo de volta. E então ele percebe que poderia sim ajudá-la, e mais, que ele queria ajudá-la a alcançar seu objetivo, seu sonho, e não porque assim ele poderia fazê-la amá-lo, mas porque ele a amava por ela ser quem é, exatamente do jeito que ela é, porque ele se preocupava com ela e não queria fastá-la de sua família, de sua vida, das coisas que ela ama.
Notou a diferença?
Sebastian, sendo o cavalheiro que é, nos traz um relacionamento [romântico] que não faz querer estapear ou afundar sua cabeça num rio. É claro que Sebastian não é o únicoo a fazer este relacionamento diferente do de Emma e Lach, mas este personagem ser persistente, gentil, inflexível e loucamente apaixonado faz um bom número com os leitores. É na primeira vez que o vemos, no prólogo, que a empatia por esse vampiro começa a ser construída – e só é reforçada ao longo do livro.
É claro que se Kaderin não fosse a personagem forte e independente que é, isso não seria possível.
Ela me irritou por um tempo com sua teimosia e sua fachada de coração de gelo? Obviamente. Mas suas ações foram moldadas por seu passado, e é completamente compreensível. E enquanto sua mudança foi um pouco mais relutante do que eu desejaria, sua mudança do meio para o final da trama é notória. A Corrida do Talismã foi o evento perfeito para fazer tanto o relaciomento dos dois funcionar quanto para criar oportunidades únicas para os dois persoangens terem espaço para colocar suas mentes no lugar certo. Gostei muito da linha de pensamento que Cole utilizou aqui, o primeiro capítulo dessa trama provavelmente é o que ganha a atenção do leitor e o faz querer continuar a ler para descobrir o que os aguarda nas outras páginas. Senti que os pontos altos do livro foram seu começo e final poderosos, mas isso não quer dizer que tudo o que há no meio não trabalha para que o final seja o final e que você não vá sentir todo o tipo de emoções durante a leitura.
Mais uma vez, temos um personagem realmente sexy e sua “noiva” não-tão-entusiasmada-assim numa fórmula que funciona muito bem. Prazeres Sombrios é uma leitura que entretem e diverte em uma boa medida. E me parece que Cole encontrou – e soube usar – o que funciona mais do que bem nessa série.
Antes de mais nada, preciso te dizer que foi com este livro que tive total certeza de que a Nora Roberts tem magia em suas palavras. Fazia algum tempo desde a última vez que realmente fiquei interessada em uma de suas histórias e aproveitei que este livro era curtinho para conseguir ler no final de semana.
Hoje e Sempre é o quinto e último volume da Coleção MacGregor e traz a história de Daniel e Anna, os pais de Alan, Caine e Serena, e pode ser lido como um romance individual pois, apesar de trazer informações sobre o futuro dos filhos, a história de amor entre Daniel e Anna obviamente vem antes de todo o resto – e nós sabemos, de antemão, que todos terão um final feliz, o interessante é ler o caminho que eles percorrem até o felizes para sempre.
A trama aqui é bastante clichê, temos uma mocinha refinada que deseja seguir carreira médica e não casar e cuidar da casa como seus pais esperam e um mocinho teimoso que quer uma esposa e constituir família e, claro, escolhe sua mulher perfeita para o papel – no caso, a mocinha que não quer casar. Obviamente nós já sabemos como isso vai acabar: depois que os dois se apaixonam e sofrem para encontrar uma forma de satisfazer as duas vontades, eles ficam juntos. Mas, veja bem, isso não impede que a leiutra seja extremamente agradável.
Como disse anteriormente: o caminho até o felizes para sempre é o interessante nos clichês.
E cabe ressaltar que é nesse momento que a mágica da Nora acontece.
Enquanto Daniel e Anna possuem duas personalidades fortes e ótimas para se acompanhar (vou falar disso mais tarde), é a escrita de Nora que prende o leitor do início ao fim. Sua forma cadenciada de narrar, com detalhes na medida certa, envolve o leitor em uma atmosfera romântica e de aquecer o coração durante as pouco menos de duzentas páginas da trama. Os acontecimentos são encadeados de forma consciente para deixar o leitor ansioso para descobrir o que acontecerá depois. E então temos os personagens. Uma história não conseguiria prender o leitor se não tivesse personagens minimamente interessantes de se acompanhar. Hoje e Sempre traz pelo menos três personagens complexos o suficiente para nos interessar, Anna, Myra e Daniel.
Anna, refinada, calma e serena, lutou muito para ingressar em medicina e se manter no curso – na época da trama, era extremamente raro uma mulher cursar faculdade de medicina e se tornar cirurgiã –, por isso forá de tudo para manter seu plano em andamento e cursar o último ano da faculdade e começar a residência no hospital que escolheu. Ela estudou muito e trabalhou todas as horas que pode para isso. Essa é uma das razões para ela menter um pé atras com os desejos de Daniel. Sem mais ninguém para chamar de família, Daniel quer casar e manter o nome de sua família e ancestrais vivo; E ao se encantar por Anna passa a precisar dela, ainda que seja difícil para ele aceitar que tudo o que sua amada não quer é passar seus dias esperando por ele em casa. No meio disso tudo temos Myra, a melhor amiga de Anna – exuberante e vivaz, é ela quem dá um empurrãozinho ou outro no casal. É Myra quem nos surpreende na metade do romance, sua atitude “não devo nada a ninguém” não nos prepara para o seu “felizes para sempre” – mas agora que estou pensando nisso, não deixa de fazer parta da construção do clichê, também.
O principal ponto de conflito da trama é Daniel conseguir enxergar que tudo o que Anna quer é uma vida compartilhada – os dois com seus sonhos, com seus projetos, mas sem deixar de contar um para o outro o que estão fazendo, como estão fazendo e se amando sem reservas... Ou seja, tudo o que Anna quer é uma relação saudável. E é claro que é preciso pelo menos cento e cinquenta páginas para que isso fique claro para o personagem cabeça-dura da vez.
Acompanhar os dois se apaixonando, no entanto, é bastante agradável, seus encontros em festas ou no teatro rendem bons diálogos. As descrições ficam a cargo de esclarecer detalhes básicos e (graças a Deus) não são exageradas nem enfadonhas. Apesar de explorar pouco a relação de Anna com seus pais, os vislumbres que temos no decorrer da trama são sempre enriquecedores e norteadores do que era esperado de uma mulher da época em que o livro foi ambientado.
Hoje e Sempre é uma leitura agradável, rápida e, para quem acompanhou os volumes anteriores (o que não é o meu caso) é a possibilidade de ver o Daniel casamenteiro em ação para fazer acontecer o próprio casamento. Fiquei com vontade de ler os quatro livros anteriores para ter certeza de que ele e Anna passaram suas várias décadas de casamento equilibrando o temperamento um do outro.