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Ai do mundo, pelos esc??ndalos, pois ?? necess??rio que venham esc??ndalos; mas ai daquele homem por quem o esc??ndalo vem.
Depois de ler que Veiga atestou que este livro foi escrito antes do Golpe de 64, tentar pens??-lo fora da Ditadura se provou uma quest??o muito mais interessante. N??o somente por desprender as amarras do livro a uma ??poca espec??fica mas tamb??m pela complexidade de novas possibilidades e combina????es aleg??ricas que essas desamarras provocam.
?? imposs??vel desfazer as conex??es ditatoriais e mandonistas do livro, elas s??o presentes desde as obliquamente opressivas primeiras p??ginas. Mas ?? imposs??vel tamb??m desfazer estas conex??es quando falamos sobre a hist??ria do Brasil.
Eu sinto que Veiga n??o quis falar somente de coturnos, mas tamb??m de gravatas. De uma moderniza????o for??ada e, principalmente, da descomunh??o que se segue no rumo ?? urbaniza????o. Do cada um por si que se d?? quando algu??m se pega no fluxo de uma mudan??a que n??o parece acabar nunca. Do medo que h?? em se tornar v??tima, ou pior, c??mplice. E que apesar de todo o resguardo, precau????o e aviso: A tormenta sempre chega e ningu??m nunca est?? realmente preparado.
Eu acho muito importante notar que a primeira “tormenta” vem e volta de onde veio. Ela ?? amig??vel, af??vel, cheira tudo - como se procurasse algo -, enquanto marca territ??rio at?? na igreja. Se der mole, ela entra na tua casa e revira tudo mas como uma boa companhia. N??o ?? como se fosse pro seu bem, mas tamb??m n??o quer seu mal: s?? est?? passando, curiosa.
A segunda “tormenta” ?? sem volta, ela chega. Ela chega e parece que n??o vai, mas ela t?? indo. E n??o t?? indo de volta pra onde veio, ela t?? simplesmente indo. E ?? tudo muito vago, parece que a tormenta n??o tem fim nem come??o, como se fosse um mar quando vista do alto: ?? s??rio que existem tantos desses no mundo? Atravanca a vida do povo, enlouquece alguns e at?? mata outros. Enche as ruas de merda e mijo, mas isso d?? pra limpar.
O que n??o d?? pra limpar ?? a confus??o na cabe??a de quem fica, de quem viu. De quem fez o que n??o queria fazer, de quem fez o que n??o sabia que tinha coragem de fazer e dos que fizeram porque queriam e agora n??o tem mais como se esconder, n??o tem mais pra onde ir. Na chuva, a lama e a merda vira uma s??. E quando o sol sair, que secar aquela soca; que ela endurecer e virar poeira, ela ainda h?? de tomar os m??veis, o ch??o, os objetos. Am??ncio n??o tem vergonha na cara, vai chegar o dia em que ele ainda vai ter de pedir licen??a aos ratos para entrar na venda. Mas Manuel n??o ?? de deixar isso acontecer: ele apanha vassoura e ??gua, borrifa o ch??o para n??o levantar poeira e come??a a limpeza.