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Resenha do blog Sincerando.com, escrita por Sarah Sindorf
“A lista foi ideia minha.
Não queria que ninguém morresse.
Não queria ser uma heroína.
Será que, algum dia, você vai me perdoar?”
O livro conta a história de Val, uma estudante no Ensino Médio que, apesar de ter seu grupo de amigos e um namorado, não é popular e sofre bullying, criando uma lista com o nome das pessoas que a maltratavam para aliviar a frustração. Essa lista foi compartilhada com seu namorado Nick, que um dia entrou no colégio com uma arma e começou a atirar nas pessoas que estavam nela. Pega de surpresa, Val tenta interromper o tiroteio e acaba levando um tiro, salvando a vida de uma das meninas que fazia bullying com ela. Entretanto, a lista e vários emails trocados entre eles levam a crer que Val seria culpada e saberia do atentado, e as coisas complicam para ela.
A personagem principal é muito cativante. É uma menina excluída pela maioria no colégio, com problemas em casa, e que acha um abrigo seguro em seu namorado, que um dia some da pior maneira possível, deixando para ela um rastro de consequências inesperadas.
O livro debate vários assuntos ligados ao bullying e a forma como as pessoas lidam com ele. Os valentões, as vítimas, os adultos. Infelizmente o bullying é uma realidade que precisa ser combatida e finalizada. Com profundos questionamentos pessoais, sobre ser uma boa pessoa ou não, sobre ser responsável ou não, Val mostra para o leitor duas realidades: a de sofrer bullying e não ser resgatado por adultos que deveriam perceber essa situação e a de como é errada a atitude dos dois lados dessa questão, do bully e da vítima.
Por outro lado eu percebi um outro questionamento subliminar no livro. O valentão é somente mau? Que propósitos ele tem a praticar essa ação de covardia com a vítima? E o que leva a vítima a não reagir corretamente, vindo a explodir posteriormente?
Acredito que essas explosões como tiroteios de colégio sejam um reflexo não só do bullying, mas piorado por ele. Temos claramente esse exemplo no livro. Nick e Val sofrem bullying, mas somente Nick estoura dessa maneira. Por mais que Val comente o assunto teoricamente, ela fica surpresa ao ver a ação do namorado e sua reação é terminar com isso o mais rápido possível. Encontrei vários questionamentos quanto ao papéis dos pais também, a falta de atenção, as reações exageradas quando o pior acontece, o não saber lidar quando já é tarde demais.
Houve momentos no livro para raiva, para o choro e para a reflexão. Muitas pessoas sofrem bullying, preconceito, ofensas, e é o modo como lidam com isso que muda tudo. E percebo principalmente a falta de uma coisa muito importante: a comunicação. O que uma conversa pode mudar? Existem casos que não muda nada, mas acredito que mudaria muita coisa na maioria das vezes.
Toda a questão do bullying é complicada, porque como a questão de violência de pais com filhos, é uma coisa que acontece muito e sempre aconteceu, mas que somente começa a ser feita alguma coisa recentemente, e mesmo assim com muita resistência. Quantos pais não banalizam essa ação nos colégios, lidando com brigas e maldades nas escolas como se fossem apenas crianças sendo crianças, ou pior ainda, orgulhosos de seus filhos serem fortes e achando certo suas atitudes, ou brigando com as vítimas, chegando até a bater em seus filhos por eles não revidarem?
Recomendo muito a leitura, e deixo aqui um apelo aos pais, amigos, responsáveis: Prestem atenção aos seus filhos, respeitem as pessoas a sua volta. E principalmente, conversem. Tirem dúvidas antes de mudar o humor, de explodir. Não sintam-se ofendidos por algo que pode ser um mau entendido.
Um adendo, conheci esse livro pelo canal Cabine Literária, no Youtube. e recomendo que acompanhem, o Gabriel e o Danilo são super animados e fazem ótimas resenhas =)
Link da Resenha: http://www.sincerando.com/2013/03/a-lista-negra.html
um Precisamos falar sobre Kevin contado de outra perspectiva: a namorada e cúmplice involuntária do atirador adolescente. Tristíssimo.