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Resenha do blog Sincerando.com, escrita por Sarah Sindorf
“Seja qual for a matéria de que as nossas almas são feitas, a minha e a dele são iguais, e a do Linton é tão diferente delas como um raio de lua de um relâmpago, ou a geada do fogo.”
Um dia o sr. Earnshaw, pai de Hindley e Catherine, volta de uma viagem com um magro menino à tiracolo que vagava pela cidade, e o traz para casa para ser lá ser criado, o nomeando Heathcliff. Ele acaba se afeiçoando muito ao menino, que fez logo amizade com Catherine. Mas, nem tudo vai bem, e graças ao seu forte gênio e orgulho acaba fazendo grande inimizade com Hindley e os criados da casa. Hindley, se sentindo preterido em relação a Heathcliff, maltrata muito o menino.
Poucos anos depois, o pai morre, e Hindley, que estudava fora, retorna ao lar. Com isso, a posição de Heathcliff, de menino sendo educado e brincando de igual para igual com Catherine, cai para um simples trabalhador da casa, com a educação sendo cortada. Separados por Hindley e pelo orgulho dos dois, Heathcliff e Catherine se afastam cada vez mais. E a amizade e amor de infância se transformam em obsessão, mágoa e vingança na vida adulta.
Meu primeiro pensamento para esse livro: não é um romance, não no sentido romântico. Consegui duas citações extremamente românticas, mas esse não é o foco. Heathcliff e Catherine são pessoas de mau gênio, e de certa forma, cruéis. Zombam das pessoas que, diferentes deles, são gentis e corteses, não se mostram muito educados e tem um orgulho gigantesco. Não consegui achar nenhuma característica agradável neles, infelizmente.
A amizade dos dois é imensa, na infância, mas conforme eles vão crescendo as diferenças acabam separando-os. Heathcliff é rebaixado em casa, e Catherine se interessa mais em agir como uma dama para os outros do que a moleca que sempre foi. Isso tudo, juntando o interesse do vizinho por ela, acaba fomentando uma catástrofe.
O livro lida muito com as questões sociais (a criança pobre que acaba não sendo educada e trabalhando nos estábulos, o casamento entre famílias visando a união de bens e ascensão social), e de certa forma também com o preconceito. Heathcliff foi tratado mal desde o começo graças ao fato de não ter origem e, por que não, por ser arredio e defensivo. Desconheciam seu sobrenome, seus parentes, suas posses. Se fosse o órfão de uma família com dinheiro, seria tratado diferentemente.
Catherine, por outro lado, é uma criança normal, que gosta de explorar, pregar peças, se divertir. Mas como futura dama, é punida por essas coisas. E por outro lado, é mimada, o que a torna insuportável com as pessoas. Não pude deixar de pensar que num mundo atual, o amor deles seria mais que possível, e eles possivelmente seriam pessoas melhores.
Gostei muito da escrita, mas não é um livro fácil de ler. Se alguém falasse comigo, eu me perdia na frase e precisava recomeçar. É uma leitura profunda, complexa, para se ler com atenção. Infelizmente comprei uma edição sem orelhas, mas pelo menos as páginas eram amareladas e a fonte confortável. De um modo geral gostei do livro, e indico para aqueles que gostam de uma leitura “histórica”, pois o livro se passa em 1801, com flashbacks do passado.
Para quem não sabe, a autora morreu em 1848, de tuberculose. “O Morro dos Ventos Uivantes” foi seu único romance publicado, com o pseudônimo Ellis Bell. O livro pode ser encelaontrado de graça, em inglês, no Domínio Público.
Link: http://www.sincerando.com/2014/02/o-morro-dos-ventos-uivantes.html