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As grandes catástrofes sempre inquietaram e suscitaram a curiosidade do ser humano. O debate em torno do Terramoto de 1755 tem razões para não se esgotar. No dia 1 de Novembro de 2005 comemorou-se o seu 250.º aniversário. Para além disso, acresce nas nossas consciências o panorama de turbulência política, religiosa e civilizacional que tem dominado a história recente. O Grande Terramoto, à semelhança de outras catástrofes, esteve na origem de uma vasta produção cultural e intelectual, colocando em destaque os modos de pensamento e as polémicas dominantes de então. Evocar esta história significa colocar na ribalta as controvérsias setecentistas, abrindo novas perspectivas sobre as implicações da efeméride, mas também sobre os paralelismos que é possível estabelecer com a actualidade.
Em O Pequeno Livro do Grande Terramoto, a escrita viva e cinematográfica de Rui Tavares acompanha-nos por uma travessia inusitada, a que é difícil resistir. Que relação existe entre grandes catástrofes como o Terramoto de 1755, o 11 de Setembro de 2001, o tsunami de 2004 ou os incêndios de Roma de 64 d.C.? E se o Terramoto não tivesse acontecido? Que relatos nos deixaram os sobreviventes? Qual o impacto do Terramoto sobre o panorama cultural da época? E que sentimentos nos provoca hoje? As respostas vão surgindo, inesperadas, alternativas e fundamentadamente arrojadas. Atente-se numa das conclusões: «(...) o grande legado de 1755 é o da interpretação construtiva de um fenómeno natural. Ou seja, em termos muito simples, uma atitude que consiste em dizer que, da próxima vez, estaremos melhor preparados.»
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