Ratings59
Average rating4.1
Sensacional. Precisamente no limite entre contexto ficcional e discurso real, do jeitinho que eu gosto.
A maneira que Le Guin dá identidade a cada personagem através da narração é clara e certeira. O ponto de vista de Davidson é odioso e egocêntrico, o de Selver é sonhador e inclui a atmosfera e o ambiente ao redor. Apesar de usar a terceira pessoa, a narração assume totalmente a perspectiva do personagem que segue, gerando uma visão respeitosa e naturalizada sobre a cultura dos nativos alienígenas. Essa forma de tratamento me gerou boas reflexões sobre perspectiva, apreço e pertencimento.
A narrativa também traz um discurso sobre a dualidade pacifismo-violência que deixa questões em aberto na medida certa. A brutalidade é uma ferramenta ou uma doença trazida pelos colonizadores? Até certo ponto, ambas. A sociedade de Athshe a usou para se libertar, mas segue para sempre sob a sombra da sua possibilidade, mudada.