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Esta obra narra a história da vida urbana de meninos pobres e infratores que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. O livro vai revelando os personagens, cada um deles com suas carências e suas ambições - do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca.
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Ainda que eu tenha me apaixonado pela(s) história(s) dos meninos num todo, o que me encantou mesmo foram a narrativa do Jorge Amado e a construção do romance. Nunca tinha lido nada desse autor, e fiquei maravilhado com essa espécie de delicadeza crua, esse jeito todo próprio de apresentar a história ao leitor. As vidas dos Capitães, contadas em episódios curtos dentro de cada uma das seções do livro, são poéticas, cruéis, pesadas, bonitas, tudo ao mesmo tempo.
Como acontece frequentemente com grandes obras, Capitães da Areia se mostra de uma atemporalidade impressionante e, tratando dos temas que trata, não me impressiona o impacto que este livro teve em 37.
[...] Omolu apareceu com suas vestimentas vermelhas e avisou a seus filhinhos pobres, no cântico mais lindo que pode haver, que em breve a miséria acabaria, que ele levaria a bexiga para a casa dos ricos e que os pobres seriam alimentados e felizes. Os atabaques tocavam na noite de Omolu. E ele anunciava que o dia de vingança dos pobres chegaria. As negras dançavam, os homens estavam alegres. O dia da vingança chegaria.