O Menino de Cabul

O menino de Cabul, pelo que percebi, é uma semi-autobiografia cheia de acontecimentos históricos, bem como as memórias de infância de heróis e vilões.

É uma história de amizade entre rapaz rico e rapaz pobre, das traições, de sacrifícios e de amor, que se pretende arrebatadora, num cenário de guerra e destruição de uma sociedade.

Tinha tudo para agradar, mas houve um pormenor que me incomodou durante toda a leitura:

Onde estão as mulheres?

Pois é, não estão!

Ou melhor, as poucas mulheres que surgem na história estão mortas, desaparecidas ou ausentes.


The disappearance of the woman, Boushra Almutakawel

A mãe de Amir morre no parto, a mãe de Hassan desaparece após o seu nascimento.

A única mulher presente no romance é Soraya que é infértil. Ela é imperfeita porque é despojada da capacidade de conceber crianças. Amir, o seu marido, o homem e o herói, é o que tem a solução: adopta Sohrab.

Analisando com um olhar muito crítico parece que se pretende substituir a maternidade com a paternidade, através da ausência de mães (e mulheres) e da presença de pais (e homens), para fortalecer o patriarcado.

Por este motivo não consigo dar-lhe mais que 2 estrelas.