Último Acto em Lisboa

O início da leitura deste livro foi uma luta. Aquilo que parecia, nos primeiros capítulos, uma história chata transformou-se e acabou por me agarrar literalmente ao livro.
O trabalho de pesquisa que o autor apresenta é surpreendente.
Lisboa / Portugal – Anos 40 - Verificamos ao longo do livro que não se limitou a pesquisar sobre Lisboa, mas também sobre o Portugal profundo, seus costumes, tradições e produtos tradicionais. Descreve bem a sociedade e a classe política da época. Mostra-nos o posicionamento de Portugal na 2º Grande Guerra Mundical e a forma como Salazar quis e conseguiu dar-se com “Deus e o Diabo”. A febre do “Ouro Negro”, o seu comércio/contrabando a troco de toneladas de ouro era algo de que tinha pouco conhecimento.
Lisboa / Linha de Cascais – Anos 90 – Embora seja uma época mais recente (há data que leio este livro já lá vão 17 anos) a forma como descreve a cidade de Lisboa e arredores, a juventude e a sociedade em geral está muito bem conseguida.
Em ambas as épocas, o trabalho de caracterização dos portugueses é notável. Uma sociedade com muita gente mesquinha, invejosa, gananciosa, traidora, corrupta e outros adjectivos não muito abonatórios.
As personagens estão bastante bem conseguidas, mas destaco Klaus Felsen, que me pareceu mais trabalhado que o Zé Coelho.
Uma das coisas interessantes neste livro é que à medida que os capítulos avançam o espaço temporal diminui e percebemos que existe uma ligação entre os anos 40 e os anos 90.
Achei a reviravolta final um pouco exagerada.
Um romance policial que qualquer um pode ler, com muita história e que apenas tem que fazer o esforço de passar as primeiras páginas.